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sábado, 28 de junho de 2014

ANJO

Um dia um anjo em forma de pássaro, entrou pela minha janela. Sim, era lindo. Porte altivo, cores alegres, olhar cativante e cantava lindas melodias que traduzidas eram belas poesias. Cantava para mim todo o dia, gostava de me ver feliz. Como eu não sabia cantar, falava para ele e sei que me escutava e me entendia. Era um ser tão especial... Sem que eu esperasse, começou a ficar prostrado, perdeu o brilho do olhar, não voltou a cantar para mim e senti que estava a chegar o fim. A minha esperança era que com o tempo tudo voltasse ao normal, mas não houve mudança. As suas cores foram ficando desmaiadas, o olhar perdido no infinito, eu chorava e ele chorava. Pedi perdão por algo que pudesse ter feito e magoado mas já não me escutava. O que aconteceu nem eu sei, só sei que já fazia parte da minha vida, mas que a janela que ele próprio escolheu para entrar, teria de ser aberta para voltar a voar pelos céus. Mas ficar sem ele? Como viveria eu? Não sabia. Mas sabia que teria de deixá-lo ir, no momento era o que ele queria. E chegou o dia em que o meu amor falou mais alto que o meu egoísmo e deixei a janela aberta. Ele nem para mim olhou e eu procurei o mar para desabafar. Tanto me custou. Regressei e do que havia nada restou. Tudo levou e me deixou vazia sem comigo querer falar. A janela nunca a fechei, não sei em que céus andará a voar, nem se um dia irá voltar. Só resta esperar.

Helena Santos