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sexta-feira, 20 de maio de 2016

SEMPRE ROMÃS

Eram romãs
Que eu comia
Todas as manhãs
Depois de noites mal dormidas
À espera que sonhos dormentes
Fossem despertados
Por beijos lambuzados
De desejos
Eram romãs
Que eu sugava
Enquanto chorava
Apregoando palavras vãs
Esperando em cada bago
Encontrar a doçura, a energia
Que me ia faltando
Dia após dia
Com a ausência desmedida
De ti, meu amor
Que sabias ser a minha vida
Ainda eram romãs
Que tinha por companhia
Quando por aqui passou o Tempo
E com ele um embrulho bonito e enlaçado
Trazia
Tendo como remetente o meu amado
Abri-o e só continha frio, ai que arrepio
De olhos embaciados
O coração nunca recuperou
O Tempo seguiu o seu caminho
A romãzeira um dia secou
E o pouco que de mim restou
Ainda por ela chorou
O meu amor? Esse nunca mais voltou
E os meus dias perderam-se na esperança
No regresso, o Tempo, só o pó encontrou!


Helena Santos