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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

AMANHÃ QUANDO MORRER

Amanhã quando eu morrer
Não quero lágrimas salgadas
A saltarem como pipocas
Dos olhos de quem se aperfeiçoou
Na arte de fingir
Quero gotas de licor de mel
A deslizar dos olhos até aos lábios
Provocando sorrisos de saudades
E aveludando a pele
Do rosto de quem me ama
E que estará lá
Assim como hoje está aqui
Quando rio, quando choro
Ou simplesmente
Preciso de colo


Amanhã quando eu morrer
Não quero flores
Flores e amor, devemos ter
Enquanto podemos nos embriagar de prazer
Não depois da partida
Que não vemos as cores
Nem sentimos o sabor
As flores são cor, são vida
Eu aprecio, admiro, me encanto e lá ficam
Não as colho, no meu jardim
Seria matá-las, seria para todas…o fim

Amanhã quando eu morrer
Nada de mim restará
Nem as virtudes que me realçam
A quem me vê com o coração
Nem os defeitos que me desgraçam
Aos olhos dos que me odeiam e nem sabem a razão
Os pecados ou erros, serão perdoados por Deus
E os que nunca foram perdoados pelo Homem
Por arrogância, maldade, ou superioridade
Ficarão a pairar, em forma de assombração

Amanhã eu vou morrer
Terei os olhos fechados
Não verei tristezas forjadas, nem lágrimas plastificadas
Os meus ouvidos não atenderão os chamados
Nem ouvirão os gritos forçados
Mas também não me entristecerei, nem chorarei
Ouvindo o sofrimento sagrado
De quem sempre me quis ao seu lado

Sim, amanhã eu vou morrer
Simplesmente porque não quero mais viver.

Helena Santos