Tudo
Tudo quanto és, e por tudo quanto foste
Chutada a pontapés, o nosso pentecostes
Em devoção total, rasgada em sacrifício
Sem uso epidural, talhada no suplício
És a Deusa-Mãe, qu'à terra nos brotou
A Jerusalém, qu'a diáspora nos deixou
O ventre da libertação, choro existencial
Extrema ligação, entre o inefável e o real
O apego à vida, nos seus seios torrentes
As saias da guarida, escudo contr'as gentes
O calor, a paciência, o carinho incondicional
O amor, a ciência, naquele ninho lacrimal
A entrega absoluta, a uma causa interna
A uma carne qu'é sua, na realidade baderna
E por mais amargo que seja, o seu verde fruto
Ela reza na igreja, ou ela investe com'um bruto
Porque aquele é a sua vida, e por ele, ela respira
E mesmo maligna ferida, qu'a conduza à sua pira
Ela sabe o seu destino, a sua condição no além
Ela vive p'lo seu menino, ela é o seu tudo, sua Mãe!
Ernesto Ribeiro
Em devoção total, rasgada em sacrifício
Sem uso epidural, talhada no suplício
És a Deusa-Mãe, qu'à terra nos brotou
A Jerusalém, qu'a diáspora nos deixou
O ventre da libertação, choro existencial
Extrema ligação, entre o inefável e o real
O apego à vida, nos seus seios torrentes
As saias da guarida, escudo contr'as gentes
O calor, a paciência, o carinho incondicional
O amor, a ciência, naquele ninho lacrimal
A entrega absoluta, a uma causa interna
A uma carne qu'é sua, na realidade baderna
E por mais amargo que seja, o seu verde fruto
Ela reza na igreja, ou ela investe com'um bruto
Porque aquele é a sua vida, e por ele, ela respira
E mesmo maligna ferida, qu'a conduza à sua pira
Ela sabe o seu destino, a sua condição no além
Ela vive p'lo seu menino, ela é o seu tudo, sua Mãe!
Ernesto Ribeiro