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sábado, 4 de agosto de 2012

faz-de-conta-que-abro-as-janelas
  
(…quero chamar-te, até que
 entres dentro dos meus olhos…)

 
Estás, de novo, distante de mim. 
Longe,
longe,
longe. 
tão longe, que tento fazer de conta que existes, 
que a tua presença é real,
que estás aqui ou eu estou aí,
que faço parte da tua vida por completo. 

Brinco ao faz-de-conta,
contando os dias para te ver. 
Para te ter!

e, a brincar ao faz-de-conta...
Faço-de-conta-que-abro-as-janelas…
Faço-de-conta que eu estou junto a ti
                   (e tu sentes a minha presença a roçar-te o corpo!)
e que te beijo às horas que quero
e às horas que necessitas
                    -a todas e quaisquer horas!!!-

E, faço-de-conta que contemplamos o horizonte e,
nos dias de sol,
deixamos a nossa vista sinuosamente percorrer
as montanhas logo ali em frente,
ou que perscrutamos o verde mais além
através dos chuviscos e do nevoeiro
dos dias mais tristonhos.

E, faço-de-conta que percorremos o jardim
e saltito entre as árvores
e os futuros canteiros de flores prometidas,
e me escondo de ti
e te tento com o meu olhar
a chamar-te para que entres dentro dos meus olhos
e  te deleites até te saciares por completo
até te sentires irremediavelmente perdido.

E, faço-de-conta que me aqueço em ti
                 -o meu corpo sempre fresco e
                   ávido do teu amor-
e baixinho, ao teu ouvido te
conto a mágoa dos dias com histórias cinzentas.

E, faço-de-conta que os teus braços me
contornam
E se transformam na redoma que me
protege dos males do mundo.

E, faço-de-conta que
partilho toda a tua vida e tu, a
minha.

E, faço-de-conta que escolhes os versos que me queres ler e
com eles expressas o mundo e o sonho
e eu Te olho e Te ouço embevecida.

E, faço-de-conta que eu abro as janelas
para arejar a casa e 
deixo entrar a (tua) Luz! 

Ana Souto deMatos