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domingo, 22 de julho de 2012

PATHOS 
  Padeço de doença oftalmológica.
Os infinitos que vislumbro
são agora comparáveis
a lava vulcânica requentada
e cristais reduzidos a pó.

Não. Nada de extraordinário.
Asseguro que a exigência
é apenas sensorial
e quanto mais resignação
campeia entre sol e lua
mais se ergue o solo despeitado.

Padeço de doença parda.
A mesma que esconde
o brilho inigualável
da semente jogada
e me cerra os olhos
em serões sorumbáticos.

A convalescença é incerta.
Lânguida como cadela no cio
e de olhos no ábaco
conta as promessas nos vales
de rio seco e aluviões
como se a foz engolisse
a cromática dança de marés.

Esqueço panaceias
com a mesma convicção
das alquimias avulsas
imoladas no fogo celeste.
Já só me alimentam
o verde dos prados
e o azul que nunca sei
se é mar ou céu.


José Brites Marques Inácio