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quarta-feira, 3 de junho de 2015

A VIDA NÃO SE COMPADECE

Olhei, vi e quase não reconheci
Porque a vida não se compadece
Suga-nos tudo, cobrando o que oferece
Um semblante moldado pelas mãos dos anos
O olhar perdeu o brilho, esmoreceu
Sinal de que muito se perdeu
A porta para a alma, estava fechada
Porque para além dela, não existe mais nada
As rugas que habitam hoje o rosto
Não são as mesmas de outrora
Com beleza, vida e luz, muita luz
As que agora carrega, são baças e pesadas
Como se arrastassem uma enorme cruz
Os flocos de neve, substituíram os fios prata
Que iluminavam os seus irreverentes cabelos
Agora tão entristecidos, como os lábios
Amordaçados, descoloridos,
Que desaprenderam o simples gesto do sorrir
O seu perfume?
Tem aroma a tristeza, mágoa e escuridão
Era tão feliz!
Como deixou secar a raiz?
Se nada fizermos para a alegria nos possuir
A quem vamos apontar o dedo e a culpa atribuir?
Confiaram-lhe a flor do amor
Semeada, colhida e depositada na sua mão
Propositadamente deixou-a cair
E acabou por secar, sucumbir
Não se rejeita um amor, por mera suposição
É preciso ter atenção
Não somos donos da verdade, tampouco da razão
Principalmente quando se sabe, que a simples flor
Ganhou asas num escaldante dia de Maio
E escolheu para pousar, não outro
Mas aquele preciso e precioso coração.
O futuro? Só a Deus pertence!


Helena Santos