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segunda-feira, 4 de maio de 2015

PERDÃO MÃE!
Querida Mãe,
Sendo hoje o teu dia, o nosso dia, aproveito para te confessar algo que me tem atormentado, na minha condição de filha e de mãe.
Tu és parte do meu mundo, não só por me teres parido, mas por teres sabido sempre sentir e agir como uma verdadeira Mãe. Há tantas mulheres que pariram e nunca foram mães. Tu és fonte de vida, eu também sou fonte de vida. E só depois de ter esse estatuto, fui percebendo o que nunca tive capacidade de entender, enquanto filha. Ser Mãe, é uma flor que vai desabrochando e em cada pétala está um ensinamento, uma aprendizagem. Nunca valorizei o suficiente, as tuas preocupações, os teus receios, as tuas aflições. Para mim eram sempre exageradas. Claro que mudei de opinião. Quando? Quando me tornei Mãe. Podia enumerar várias situações e atitudes impensadas, da minha parte, mas vou focar-me só numa. Quando eu me ausentava de casa, da cidade, do país, por algumas horas, por um dia, ou por vários dias, não conseguia entender por que querias que ligasse a dizer onde estava, ou a que horas chegava; se a viagem tinha sido boa, se tinha chegado bem… Por não entender, nunca o fiz, limitava-me ao “já vou” e “já cheguei”. Hoje, como Mãe, é uma das situações que mais me angustia. Não sei se é castigo, mas tu sabes como eu sofro com as ausências do teu neto. É que ele cada vez que viaja, vai para mais longe e fica mais tempo. Um dia destes sai deste mundo e vai de férias para outro que irá descobrir, e, continuará a agir como se simplesmente tivesse saído de casa para ir só ali à praia, surfar. Claro que reclamo, mas assim como eu, ele também acha que não há necessidade de ligar, ou de ligar tantas vezes, quando está tudo bem. As más noticias chegam rápido, diz ele e ainda se ri. Acho isso tão importante, que sendo hoje o teu dia, o nosso dia, quis que soubesses como agora te entendo e como me dói saber que te fiz sofrer, embora sem intenção.
Peço que me perdoes, Mãe, por tudo e agradeço o que me tens mimado e serenado quando choro no teu colo, por falta de notícias.
Mas por que é que ele não liga, nem atende o telemóvel? Será que não percebe a minha preocupação? Ele está no outro lado do mundo… Não, ele não percebe, assim como eu não percebi, Mãe. E há dias em que parece que não sinto o chão, de tão apertado estar o meu coração. É tão grande a minha aflição, Mãe. É meu filho e eu amo-o, mais do que à minha própria vida, assim como tu me amas e eu te amo. Mas o que eu quero, mesmo, é que ele seja feliz, assim como tu sempre quiseste que eu fosse. Sou grata por te ter sempre, para afagares a minha mão!