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segunda-feira, 30 de março de 2015

NÃO PRESTO, MAS AMO!

Sim, não presto mas já prestei…
Quando os cabelos brancos eram apenas raios de luz, a frontalidade uma virtude e a lealdade um tesouro a preservar. Não presto mas sou tudo que de mim resto, depois de abraçar o tempo, mesmo sem tempo; silenciar a dor com gritos de cor; beijar o amor com dedos apaziguadores; ouvir e calar; servir sem reclamar e ensinar a voar quem mal sabia andar. Já prestei e isso eu sei, enquanto transformei noites em dias, tristezas em alegrias, com impossíveis fiz magia e transformei medos em valentias. Tantas vidas apagadas transformadas em verdadeiras fontes de luz que jamais deixaram de brilhar. Muito me enriqueceu e um enorme prazer me deu. Reconhecimento? Chega-me o que recebo do Céu.
Da vida nada me queixo. Sorri, ri, gargalhei, chorei, errei, amei, fui amada, magoei e fui magoada, pedi perdão e perdoei…mas nem sempre fui perdoada. Agora, lágrimas, outros olhos chorarão, porque dos meus nem diamantes cairão. Pintei a revolta com a cor da harmonia e a desilusão, afoguei-a no mar da minha alegria. Decidi só respirar calmaria.
Cruzei-me com o vento e gritou-me que eu não prestava, que o que eu dizia nada tinha sentido e o que fazia era incomodativo. Mas por que motivo? Na, não deve ser nada comigo, mas fiquei a pensar naquilo. Que terá acontecido, para me ter ofendido? Acho que primeiro devia ter falado comigo, ter esclarecido. Talvez tenha se confundido. Sempre fomos amigos e sabe que pode contar sempre comigo. Espero quando o encontrar, novamente, esteja mais tranquilo.
Perdem-se amigos por medo da frontalidade, do diálogo…esta é a triste realidade!
Ou será que não presto mesmo e não dei por isso? E como poderia dar, se não sei o que é isso de prestar e não prestar? Alguém me sabe explicar? Não concordo nada com essas definições. Mas tenho a certeza que já prestei…quando tudo tive, tudo fiz e tudo dei! Eu acho que é mesmo assim, é tudo normal…quando o mar deixa de ter boas ondas para surfar, deixa de prestar. Isso agora é só o que eu deduzo….eu nem sei nadar, quanto mais nas ondas deslizar! É que para mim, o mar é sempre prestável…isso é incontestável….assim como todas as coisas e todas as pessoas.
Posso até não prestar, mas garanto-vos que já prestei…só que me esgotei! Eu não presto, tu também não e outros assim serão. E então? Qual a admiração? Acreditamos na perfeição? Ora….e se nos preocupássemos mais com a afeição? Isso de prestar ou não, é tão relativo e cada um tem a sua opinião, há que respeitar. Podemos não prestar para uns, mas sermos muito importantes para outros…É bom haver gostos diferentes! Ainda que não preste, há tanta gente a gostar de mim, tanta gente que precisa de mim…e eu a precisar de todos. Eu não presto, mas amo…e sou amada!
A Vida ali a passar e tanta gente a não notar, a não ver…nem sequer olhar… Isso sim, é importante salientar…e não o facto de eu prestar, ou não prestar.

Helena Santos