Páginas

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

PARA LÁ DA MINHA VONTADE

No meio do nada, eu nado
Nas águas do rio, lavo a minha alma
Em ti mato a vontade desgovernada
Podia falar da dor, da vontade em flor
Por isso eu caminho, no meio do nada
Por estradas empoeiradas, os meus pés caminham
Sem mapas, sem rumos eu vou por aí
Falo de mim, porque me conheço bem
Dos outros os outros que o façam também
No meio do nada eu vejo e revejo a tua cor
Meio azul perdido no céu altivo
Ando devagar, meio despido do nada
Quem sou, para onde vou?
Sou daqui, sou dali, sou como o vento crescente
Sou crente na minha mente, sou palavras cadentes
Sou um verbo repetido, uma palavra pensada
No meio do nada, eu vejo-te meio molhada
Oh minha ave depenada, oh minha vontade desejada
Não quero partir por este mar salgado
Meio doente e sempre enganado
Podia morar contigo na água
Morar aqui, aqui e ali
Oh minha ave molhada, porque cantas tu a minha alma lavada?


Carlos Palhau