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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

REFÉM DE TORGA E VERNE
 

 Mais um minuto para respirar.

De noite, no sopé da montanha,
no meio da seara
e do vento das Hespanhas.

Parece que se afastam força e montada

em busca da brisa do norte
a mesma que asfixia os peixes perdidos.

Ah... Porque me intoxicam

com oxigénio aspergido
na candura aviltada?
Já não haverá paletas
para pintores de Virtude
em palácios plenos de Sol e Reis?

Há muito que espero salamandras

e siluros apeados
ávidos de cavernas hidrotermais.

Ainda tenho meio minuto

com todo o arresto dos montes
em lençóis pejados de infinito.
Respiro sem pressa
adivinhando a aurora aflita
a contar horas de penumbra.

José Brites Marques Inácio