faz-de-conta-que-abro-as-janelas
entres dentro dos meus olhos…)
Estás, de novo, distante de mim.
Longe,
longe,
longe.
tão longe, que tento fazer de conta que existes,
que a tua presença é real,
que estás aqui ou eu estou aí,
que faço parte da tua vida por completo.
Brinco ao faz-de-conta,
contando os dias para te ver.
Para te ter!
e, a brincar ao faz-de-conta...
Faço-de-conta-que-abro-as-janelas…
Faço-de-conta que eu estou junto a ti
(e tu sentes a minha presença a roçar-te o corpo!)
e que te beijo às horas que quero
e às horas que necessitas
-a todas e quaisquer horas!!!-
E, faço-de-conta que contemplamos o horizonte e,
nos dias de sol,
deixamos a nossa vista sinuosamente percorrer
as montanhas logo ali em frente,
ou que perscrutamos o verde mais além
através dos chuviscos e do nevoeiro
dos dias mais tristonhos.
E, faço-de-conta que percorremos o jardim
e saltito entre as árvores
e os futuros canteiros de flores prometidas,
e me escondo de ti
e te tento com o meu olhar
a chamar-te para que entres dentro dos meus olhos
e te deleites até te saciares por completo
até te sentires irremediavelmente perdido.
E, faço-de-conta que me aqueço em ti
-o meu corpo sempre fresco e
ávido do teu amor-
e baixinho, ao teu ouvido te
conto a mágoa dos dias com histórias cinzentas.
E, faço-de-conta que os teus braços me
contornam
E se transformam na redoma que me
protege dos males do mundo.
E, faço-de-conta que
partilho toda a tua vida e tu, a
minha.
E, faço-de-conta que escolhes os versos que me queres ler e
com eles expressas o mundo e o sonho
e eu Te olho e Te ouço embevecida.
E, faço-de-conta que eu abro as janelas
para arejar a casa e
deixo entrar a (tua) Luz!
Ana Souto deMatos