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Eternamente Criança

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NOVA INICIATIVA DA QUARTA -FEIRA “ETERNAMENTE CRIANÇA”

Com esta iniciativa vamos falar de nós, desde criança até à vida adulta. Contar experiências vividas, emoções e sonhos realizados ou não. As aventuras, diversões e momentos difíceis. As frustrações, pelo que não conseguimos, planos e desejos do que queremos realizar. Contar histórias, com um misto de realidade e ficção, falar do que somos, do que gostaríamos de ter sido e do que fomos. As palmadas, o primeiro amor, o primeiro beijo, os primeiros anos, a escola, primeiros amigos….tudo. Sejamos os realizadores do filme da nossa vida. Sem esquecer que o sonho comanda a vida sem esquecer a criança que há em nós….eternamente.



A ininiativa decorre à QUARTA FEIRA

ATENÇÃO: SÓ SERÃO VÁLIDAS  AS PUBLICAÇÕES FEITAS NO PRÓPRIO DIA - DAS 00:00H ÀS 24:00H. FORA DO DIA, SERÃO ELIMINADAS
A DIVULGAÇÃO É SEMPRE FEITA NO DIA ANTERIOR!

1 - Obrigatório identificar a iniciativa com:
- ou com o nome da iniciativa,
- ou com a foto da iniciativa,
- ou com ambos.

2 - A foto a usar é sempre a da iniciativa. 
3 - Poemas a publicar no Grupo 

 TODOS PODEM PARTICIPAR!








14-12-2016
NA ALDEIA

Quando o sol, entre as cortinas da janela,...

me batia no rosto

e acordava pela manhã,

ainda dormentemente desperto,
recordo, ao longe, 
a gorjeada dos pássaros, em alvoroço,
o ladrar dos cães, em correria
o chiar insistente das rodas dos carros de bois,
estrada acima.
E, nesta quietude existencial do quarto,
apenas o zumbido das moscas
impertinentes interrompia e incomodava.
Me ficava, deixando o pensamento divagar, 
nas aventuras que o dia prometia,
longe dos afazeres do liceu e bulício da cidade.
Até que uma das minhas tias avó,
ternamente, trazia o pequeno almoço,
sempre acompanhado de guloseimas,
me dava um beijinho de bom dia.
Apressado, lá ia eu para a brincadeira,
ouvindo os conselhos de cuidado.
Que nostalgia desse tempo de meninice!

José Lopes da Nave



“SER CRIANÇA”
Quero ter sempre esta criança
Dentro de mim
Não quero que ela me abandone...
Quero que ela ensine
Outras crianças a serem felizes
A amar
A sorrir
A gargalhar loucamente
A crescer em paz
A ter esperança
A ter futuro
Uma criança que ame
Sem olhar a quem
Que tenha a certeza
Que o amor existe
Que acredite
Num mundo melhor
Tenha esperança
Tenha amigos
Brinque
Ria até cair
Nunca me abandones
Criança que fui
Velhinha serei
Mas sempre
Com alma de criança…
“BRASA”MAGDA BRAZINHA



07-11-2016

“NÂO VOLTA MAIS”
Passou a ternura da infância
Meu corpo mudou
Cresci...

Deixei de ser criança

Adolescente

Amei e fui amada

Mulher

Mãe e avó

Caminho para o outro lado

Ainda salto á corda
Corro atrás do meu neto
Jogo á bola
Mas já não sou a mesma
Algo mudou
O tempo não perdoa
Uma dor aqui
Outra ali
Mas estou viva
Galguei o tempo
Deixei rastos de paixão
Girou o carrossel da vida
Estou aqui á espera
Ainda não tropeço
Mas sei 
Que o tempo passou
Não volta mais…
“BRASA” MAGDA BRAZINHA



PARA TI !
...
Uma vida
Que nasce do amor
Germinada como uma flor
Com os genes dos progenitores
Gestação em esplendor
Nascimento em alegria
Crescendo um botão mimoso
Com ternura e inocência
Seus olhos pedem carinho
Seu corpo muito aconchego
Para crescer um ser perfeito.
Numa rosa bela e formosa
Se torna e faz-se adulta
Sempre com o coração em escuta
Sua mãe é um porto de abrigo
Onde pode atracar sempre que necessita
Sua vida uma conquista, que tenta sempre ganhar
Ama com desvelo, o seu amado
Tendo sempre um gesto ou afago
Para quem por ela lutou e lhe deu a vida.
Tem em si aquela criança traquinas
Que corria muito e de bonecas gostava.
Para ti fiz este poema…
Meu tesouro, minha filha querida.
Que és a alegria da minha vida.
Rosete Cansado



HÁ UMA CRIANÇA DENTRO DE MIM!
Então serei eterna criança...
Sem perder aquele sorrir
Sempre com esperança
Daquela criança em mim existir.
Uma criança feliz mas também que sabe chorar
Com seu sorrir para o mundo
Sabendo também amar
Com a liberdade de criança!!!Profundo
A criança é pura
Sem saber o que fere
Simplesmente a criança procura
E sem limites a todos conhece.
Serei do jeito que tiver de ser
Serei eterna criança
Que mesmo por muito que sofrer
Jamais perde a esperança.
Ser criança é acreditar
Que tudo é possível
O sorrir,correr, brincar
E tudo ser inesquecível.
Gostaria que renascesse dentro de mim
A época em que a alegria não tem fim
Onde não havia o ruim
E acreditar que sempre seria assim
De tudo o que fiz
Tenho tenho eterna saudade
De ser criança feliz
E hoje de ser criança tenho vontade!!
Carmen Bettencourt





ETERNAMENTE SER
Ser criança, é ter nos olhos a esperança.
Ser criança é ter no coração flores sorrindo.
Ser criança, é ser anjo sem asas e voar. ...
Ser girassol a abraçar o céu.
É ter a leveza das bolas de sabão.
É ser transparente, toda riso e cor.
É ter mãos fagueiras e mimar.
Abraçar beijar,
É na terra ser esse anjo de passo leve.
Que faz nascer sorrisos…
Há até quem se esqueça que cresceu.
Brincando com esses seres de luz vindos do céu.
Arrebatado o tempo, passou!
A criança dentro de nós adormeceu.
Ma no caminhos do sono.
Sempre é bom brincar,
Com essa de mãos de búzios,
Que teima em despertar.
Tem olhos de cristal…
Tem pérolas preciosas no rosto a brincar.
É bom criança ser.
Recuso-me a crescer.

Augusta Maria Gonçalves



30-11-2016

TU
Tu que olhas o mundo...
colorido de róseo,
em ambiência de amor
e fraternidade,
a vivência te ensinará
os amargos a enfrentar.
Porém, é tua a força de renovação,
os ultrapassando com vivacidade,
sempre presente,
com o teu carácter saudável
caminhando na procura do sol,
a clarear o futuro almejado.
Em ti fecunda a vontade de ser e sorrir,
contribuindo, em parceria com o semelhante,
na concórdia universal.

José Lopes da Nave




“NESTE JARDIM”
Abro a minha janela
E olho o jardim em frente
Como se divertem as crianças...
É o jardim da vida delas
Fazem bolas de sabão
Brincam de esconde esconde
Correm rua abaixo rua acima
Trazem á memória velhos tempos
Menina traquina que jogava á bola
Fazia corridas de barco com os rapazes
Dançávamos á roda da fogueira
Tenho saudades
Ao ver a festa da criançada
Cantam e gritam ao deus dará
Estes ainda são felizes
Os mais cresciditos
Namoriscam á descarada
Os olhos do tempo levam-me com eles
Criança feliz que fui
Cai uma lágrima
Pelas crianças de hoje
E por tudo o que virá
Voam as bolas de sabão
O meu coração vai com elas
As bolas do tempo voam desvairadas
Levando com elas memórias achadas
Belos tempos que não voltam…
“BRASA” MAGDABRAZINHA





A CRIANÇA QUE EXISTE EM MIM
...
Sou mulher, mãe e fui esposa
Vivo a vida com tranquilidade
Por muitas coisa que tenha sofrido
A criança que, fui tem comigo afinidade.
Os meus olhos sempre a brilhar
Um sorriso sempre nos lábios
A pureza no meu coração
Não existe em mim a maldade
Respeito muito dos outros
Trato-os com sinceridade
Não vivo da maledicência e ingratidão
Sinto-me bem comigo e tenho positividade.
Esta criança marota que em mim sempre vibra
Foi de uma infância feliz, que ficou na minha vida
Ainda gosto na Primavera, correr pela natureza
Fazia quando era pequena, muita alegria sentia
Ouvir os passarinhos a cantar
Ver as flores a desabrochar
Ver um riacho de águas límpidas a correr
São coisas que gosto desde criança
Que sempre amei e vou amar.
Criança que fui mulher que hoje sou
Com toda a ternura, amor e poesia me dou.

Rosete Cansado



TANTO, PRECISO TANTO

Desejava tanto ser criança. ...
Pensativa, desci a rua empedrada.
Brincavam crianças em correria,
Mal vestidos, alguns sem meias,
Sapatinhos gastos, de tanto passo sem cansaço.
Eram alguns tão pequeninos.
Carinhas sujas, brilho nos olhos,
Cabelinhos anelados, sem pente de carinho.
Um mágico riso lhes habitava a boca.
Eram seus lábios flores de seda.
No fim da rua, na praceta,
Se erguia uma árvore de natal.
Sabiam eles os petizes,
Que se avizinhava, essa noite de magia e luz.
Sonhavam, contavam os dias um a um,
Entre sonos dormidos abraçados ao luar.
Que ria por entre o teto a desabar.
E os dias de abandono.
Eram pássaros meninos, cujo ninho ficava sem mãe nem pai,
Tinham de trabalhar.
Um por outro, tinha um velho avô.
Que reconhecendo a palavra amor,
Chamava por eles, só para os olhar,
Pois pássaros sem asas leve pena…
Logo voltavam a voar.
Mesmo assim, sabendo das desventuras da vida,
Eu desejei ser criança.
Para ter o encanto desta quadra que se avizinha.
Ter noites de sonho com esse Jesus anunciado,
Acreditar! Ter no coração a certeza de que cresceria, seria gente, seria uma mulher.
Não saber de guerra, nem maldade.
Acreditar nas palavras ditas com amor da minha mãe.
Porque para além de algumas fantasias, ela me dizia.
Um dia minha filha vais ser feliz.
Tanto eu preciso ter mãe e ser criança.
Eu!
Augusta Maria Gonçalves.




SONHOS DE CRIANÇA
A criança que queria ser ,e que o destino não quis...
tantos foram meus sonhos,
mas nunca realizei em criança,esse sonhos de petiz
sonhava ser professora, tinha jeito para a liderança
mas o destino não quis, e eliminou,
aqueles sonhos,os meus sonhos de esperança!
sonhava ser actriz o teatro me fascinava,
vivia de sonhos que meu pai alimentava!
sim fui feliz tão poucos foram os anos,
que essa felicidade senti
pois com tão pouca idade,sete anos apenas,
foi o tempo que Deus quis
meu pai falecia, e a minha vida desmoronava!
deixei de ser feliz!
já não sonhava, tinha que crescer rapidamente
pois outro dever me chamava
ajudar minha mãe nos trabalhos de casa!
os anos passaram,
a menina fez-se mulher , e trabalhava ,
namorou foi feliz o seu príncipe encontrava
casou , com esse amor tudo a realizava
a guerra o chamou ,em Angola lutou mas contestava
mas como nem tudo eram rosas,mas nosso amor continuava
regressou dessa guerra e,tudo me parecia que a felicidade voltava
um filho nasceu e me alegrou ,
parecia que o mundo tinha mudado,era feliz,
e algum tempo depois outro filho chegou,e tão desejado
que um casal de filhos um marido maravilhoso,
no emprego realizada, nada faltava ( pensava eu)
o segundo filho aos sete anos de idade ,adoecia e faleceu,
uma felicidade pouco duradoura,
o pai alguns anos depois ,também partiu ao encontro da filha
hoje restam-me as recordações
vivo com se vivesse numa deserta ilha,!
mas quase aos setenta anos,retomei amizades,
numa universidade ,realizando sonhos de criança,
como aquele sonho de criança ser actriz,
faço teatro escrita criativa ,escrevo poesia ,já editei
três livros meus está a sair o quarto livro infantil,
e nunca é tarde para realizar alguns sonhos perdidos
na infância!...........viver sempre ,,,,,,,,na esperança ........


Voltei a ser criança !!!
Joana R.Rodrigues





23-11-2016

SER SEMPRE CRIANÇA!!!
Hoje sou adulta que aquela criança não esqueceu,
Aprendi a amar,respeitar,ter fé e esperança,queria ser educadora de infância,e a criança em mim cresceu.
Quando dei o primeiro beijo
logo compreendi...

não realizei o meu desejo

E assim cresci.

No intimo o que significa e dignifica é o ter sido criança.

Mesmo que o tempo passe e corre

mas dentro de mim esperança

Do ser que nunca morre

E que se chama criança.

Gostaria de ser sempre criança

Na simplicidade do amar

No olhar da inocência

Abrir os braços e pensar que vou voar.

Num voou de esperança

Sempre confiante numa luz

Que nunca se apaga em nós sem mudança

E vai para onde o destino nos conduz.

Expressando sempre com doçura

Que habita em minha alma

Reflectindo aquela ternura 

Descontraidamente com calma.

Hoje já adulta só quero esquecer toda dor
Que a vida me causou
Vivendo sempre com amor
Sem pensar no que já passou.
A infância é uma fase tão feliz
Vivemos como não existisse o amanhã
Sorrimos,brincamos ,choramos,enfim saudades do que fiz
São as coisas mais simples que nos trazem encanto,é isto.SER SEMPRE CRIANÇA!!
Carmen Bettencourt



”NÃO DEIXEI DE SER CRIANÇA”
Criança
Mulher adulta
Mas sempre alma de criança...
Fui criança feliz
Brinquei
Saltei e pulei
Pintei nas paredes
Fiz desenhos na areia
Mergulhei e gargalhei
Dancei nas nuvens
Fiz rabiscos
Escrevi cartas de amor
Namorisquei
Fui mãe e irmã
Mãe galinha
Dos meus pintos com amor
Fui ultrajada
Sou mãe amada
Filha querida
Momentos felizes
Outros menos felizes
Passou a tempestade
Hoje sou mulher madura
Mãe, avó babada
Amo e sou amada
Irreverente e louca
Mas de alma sã
Gostei de ser criança
Saudades...
Gosto de ser mulher madura
Mulher guerreira
Sou sempre a mesma…
“BRASA” MAGDA BRAZINHA




UM BEIJO
Nos tempos de Faculdade, estava a estudar na biblioteca, com a namorada e uns colegas, numa mesa recatada....
Aproveitando a saída temporária deles, fruímos para dar um beijo gostoso.
Como me soube bem, comentei, na brincadeira: melhor que espreguiçar-me.
Reparei que o seu semblante se modificou, mas como sorriu … pensei que gostara da piada. Engano meu!
Após o estudo, fui acompanhá-la a casa, como habitualmente.
Ao despedirmo-nos, ia dar-lhe um beijo, porém, olhou para mim e de chofre, respondeu:
Espreguiça-te!


José Lopes da Nave



O BALOIÇO DO TEMPO
Cheguei cansada ao topo da vida.
Subi ligeira numa pressa.
Esquecendo a prenda que a vida dera. ...
Primaveras de flores e brincadeira.
Verões de sol radioso, praia e mar.
Serões á lareira…
Os olhos meigos dos avós,
O colo aconchegado.
O amor cantarolado,
O ninar.
Lá bem no alto.
Rasando as nuvens a passar.
Fui feliz, voei em sonho.
Na asa leve de cada ave que passava.
Fui ao tempo da infância.
Como era feliz todo esse tempo.
Éramos borboletas azuis beijando flores.
A voz da mãe, cantarolava.
Eu a menina de mãos de seda,
Flores acariciava.
Riam os amores perfeitos do canteiro.
O limoeiro perfumava, estava em flor.
Sustinha no ramo mais forte o meu baloiço
Já nesse tempo eu o céu tocava.
Sem asas voar sonhava.
Era a menina a quem o tempo dera.
Caracóis de oiro e laços de seda coloridos.
Tudo hoje é apenas ilusão.
Tudo recordação…
Lembro também de cair, esmurrar os joelhos e chorar…
Tudo tudo isto, vivi sem me cansar.
Hoje chego ao topo da vida tão cansada…
Porque, a menina que fui!
Nas páginas da vida,
Está guardada.

Augusta Maria Gonçalves.



VIVO NA LEMBRANÇA
Ah como sinto hoje aquela criança
Que corria por ruas e travessas,
Pulando entre passos e dança...
Ao encontro de feitas promessas.
*
Depressa chegava a quem queria!
Ninguém bloqueava meu caminho,
Nem os afectos que também recebia.
Era feliz por sentir tanto carinho!
*
Criança alegre que a todos queria!
Pedacinhos de vida sem desalinhos…
Pétalas de uma rosa sem espinhos.
*
Agora vivo na lembrança do que sentia,
Ao brincar no carrocel dos cavalinhos
E nos jardins de frondosos caminhos.

Rosa Céu (© Direitos de autoria reservados)




Ser Criança
é comer pipocas e ver televisão
e viver no mundo da fantasia...
é estar rodeado de personagens imaginários
é sonhar, correr, saltar
é jogar ás escondidas
é brincar ao faz de conta
é saltar á corda
é cantar numa roda
é misturar lágrimas com sorrisos
Ah…. Mas ser Criança
____________*____________
É brincar ,brincar , brincar até se fartar

Mila Lopes





16-11-2016

A BRINCADEIRA DA VIDA
Não sou criança, já fui, em tempos,
sou adulto, caminho para a velhice,
uma adição, de esquecidos momentos,...
um longo livro, com rugas e índice.

Da criança, a lembrança, de tempos,
das páginas em branco, sem brincar,
de amizades, risos e bons momentos,
primeiros capítulos, para recordar.

Agora leio, pouco escrevo e brinco,
vagueio, pelas páginas de uma vida,
onde revivo momentos, já passados.

Recordo muitos encantos, que vinco,
numa obra por escrever, nunca lida,
de brincadeiras, e outros bocados.

Autor: Joaquim Jorge Costa



NUMA TARDE
Deveria ter, possivelmente quatro ou cinco anos....
Minha mãe conversava com uma amiga, sobre a educação dos filhos e das influências que recebiam do exterior do ambiente familiar.
Comentava ela que, felizmente, eu, sempre envolvente num gineceu, era bem comportado e não dizia palavrões.
Como me sentisse ofendido, retorqui de chofre:
Não mãe, sei muitos, foi o filho do compadre António Afonso que mos ensinou e todas as noites, na cama, os conto pelos dedos, para ver se me esqueci de algum?


José Lopes da Nave



“O MEU TESOURO”
Gosto do teu cheiro de flor silvestre
Sorris e o sol acorda, os pássaros cantam
O teu cheiro inebria-me
Como se dançasse numa tarde de verão...
O teu olhar faz-me sonhar
Como uma música suave e doce
És como um arco-íris de mil cores
Iluminas a minha vida
És um traquina delicioso
Teimoso e irreverente
Dá vontade de te cobrir de beijos
Abraçar contra o peito e não mais te largar
És como o mar prateado, o céu azul
És como uma manhã primaveril
Como as flores se abrem para o amor
Cheiras a estrelas perfumadas
És alegria carinho ternura amor
És um sol na minha existência
Contigo aprendi que o amor é possível
O teu toque suave, os teus olhos azuis
Quando me dizes gosto de ti
Derreto-me como manteiga
Mudaste a minha maneira de ver a vida
Ensinaste-me a amar melhor
És um dos meus tesouros
És a minha outra paixão
És alguém a quem amo
És o meu netinho Simão…
“BRASA” MAGDA BRAZINHA




Criança já fui e feliz
inocente, querida e amada.
Nas ruas da aldeia brincava...
nos campos apanhava lindas flores,
com que fazia belos colares.
Nas rodas de cantigas,
as mãos dadas com as amigas.
Alegrias tantas,
que num cofre de meu coração,
as guardo com emoção.
Depois, a adolescência linda,
mas algo conturbada.
Crescer não é fácil e nossa alma,
por vezes é abalada.
Amores, paixonetas,
os bailes e as matinés,
conversas e risadas nos cafés.
Fiz-me mulher
casei, um filho nasceu!
A responsabilidade gradualmente aumentou.
Há trabalho , a responsabilidade social e familiar.
E um desejo ardente de sempre sorrir e amar.
A vida não é um mar de rosas, oh não...
a vida é uma luta incessante.
O melhor de tudo é sentir
que a criança que um dia fui,
existe ainda dentro de mim.
E sabem o melhor?
Por vezes eu deixo-a sair
e começo a brincar e a rir!
Há quem critique e não entenda,
mas, que importa?
Eu não permito que minha inocência
se perca jamais,
e brincarei sempre como criança que fui.
Sou assim feliz e a vida é bem mais agradável,
e meu corpo sente-se mais saudável.


Emilia Pedreiro



O TEMPO
...
O tempo tudo dá e tudo tira|
Criança que fui, muito alegre
E com boa disposição...
Andava sempre a cantar
Tinha muita energia
E muita imaginação…
Era o querubim da família
Por ser a mais novinha
Paparicada por todos
Era a querida menina...
Cresci fiz-me rapariga
Aprendi a ser perfeita
Nos lavores e na casa
Tinhas umas mãos de fada.
Comecei a namorar
Com amor e lealdade
Casei e tive uma filha
Na juventude da idade.
Hoje no outono da vida
Depois de muito ter vivido
Coisas boas, outras não
Continuo com essa criança
No reduto do coração
Mas sempre com esperança
Na paz e perseverança
Que desejo com emoção.
O tempo nunca parará
Tudo dá e tudo tira!

Rosete Cansado



MENINA CRIANÇA
Menina criança onde estás?...
não me ouves chamar por ti?
preciso da tua energia
e a força que ela me traz.


Quero a tua vivacidade
pra abrir o sol nos meus dias
a tua inocência e a verdade
e o amor que distribuías.

Conforta o meu coração
que afinal também é o teu...
injecta-lhe alguma ilusão
pois de angústia se perdeu...

Recorda-me a felicidade
que sei tens guardada em ti
quero voltar à tua idade
reviver como a senti.

Esqueçamos o que doeu
e o que sobrou de ruim
menina criança sou eu...
pois sei que ainda moras em mim...

Aida Maria (Aida Marques)



Só recordação,
Descalça, feliz contente. ...
Leve num brilho de sol.
Era bola de sabão,
A menina que brincava com uma tacinha na mão.
Segura de ser amada,
Tinha nas mãos o segredo.
A dom de ser pequenina
Ter…
Um coração a pulsar
Eram seus cabelos loiros,
Em anéis despenteados
A leveza do brincar.
Corriam bolas no ar, ria,ria.
Corria, queria subir com elas.
Ser pássaro ou sol ou nuvem.
Era um sonho voar.
Cresceu voaram os anos.
Ficaram só na memória.
Os risos, beijos cantigas.
A saiinha das espigas.
De espiguilhas alindada.
Passeia olhando o mar.
Tem na face a alvura.
De um lírio de Fevereiro.
Nascido na manhã pura.
Dá os cabelos ao vento.
Desce á praia molha os pés.
Procura encontrar pegadas.
Do tempo que foi menina.
Ou talvez até a pérola
Que se perdia encantada entre ondas e marés.


Augusta Maria Gonçalves.



Eu sou…
Porque gosto de brincar
E brinco com quem brincar
E brinquei com quem brincou!

E mesmo na minha idade…
Eu sou…
Eterna criança
Que brinca e alcança
A felicidade!

E sabem que mais?
Eu sou…
“Criança” pequeninita
Que usa uma fita
E sonha demais!

Já saltei à corda
Joguei à macaca,
Comi muita açorda…
E aos muros subi.
Tive de ir de maca!
Dos muros caí.

Eu sou…
O meu coração!
E de pena
Na mão
Um poema…
Que a pena comandou!


Aida Dinis Sampaio




Quem me dera
Ai Deus meu, quem me dera
Ser novamente Criança
Manter essa verde esperança ...
Dessa linda Primavera

Nasci no campo, na natureza
Corria qual papoila saltitante
Tinha um sorriso cativante
Tudo para mim tinha beleza

Quem dera atraz voltar
Fui traquina na meninice
Ouvia minha avó cantar
Chamando-me com meiguice

A pureza de pensamento
Que as crianças ainda usavam
Os mais velhos respeitavam
Era assim nesse meu tempo

Hoje adorei recordar
A infância dessa menina
desde muito pequenina
Os seus avós soube amar

Quando em sonhos posso ver
Uma parte do que eu era
Voltar atraz quem me dera
Para meus avós poder ver

(maria amalia)



Ser criança
é acreditar ...
é esperar
é confiar
é ter coragem
e não ter medo
Ser criança
é saber embrulhar
desapontamentos
e abrir caixinhas
cheiinhas
de surpresas
Ser criança
é ter sempre
as perguntas
na ponta da língua
e querer saber
todas
as respostas
Ser criança
é sonhar
é sentir
é voar
no mundo
de inventar
Ser criança
é tudo isto
e muito mais
Eu sou
uma
pequena
alegre
criança
viajo
no
por ai
no meu
mundo
de magia.


Mila Lopes





QUANDO ACORDAR
Quero voltar a ser criança
Viver na inocência
Correr ,saltar e amar...
Sem limites nem barreiras
Que me tolha a fantasia
Quero uma mão,duas ou três
Muitas mais talvez
Uma roda gigante
Dar a volta ao mundo
Soltar a pomba da paz
Abrir os braços á união
Dar sossego ao coração
E nas bolas de sabão
Levar as lembranças más
Para lá do horizonte
E hoje ao ACORDAR
Ver preto,branco e amarelo
Num mundo mais belo
Com igualdade
Liberdade
Sorrisos no rosto
Um livro na mão
Tantos abraços
Para aconchegar
Assim quero acordar
Para não mais querer adormecer
Sem conseguir perceber
A maldade humana.

Anabela Fernandes.



09-11-2016

“SOU AQUELA CRIANÇA”
Sou aquela criança...
Que gosta de brincar e rir
Sou inocente e com esperança
Esperando o amor e o porvir

O seu olhar é luz penetrante
Tímido sorri num mundo desleal
Onde o futuro é inquietante
E onde o amor é irreal

Criança sempre com amigos á beira
Brincam á malha e ao faz de conta
Tudo serve de brincadeira
Onde o mundo é uma afronta

Menino que brinca ao luar
Com lençóis feitos de vento
Sonhos adormecidos num olhar
Cobertores feitos de sofrimento

Menino de olhar magoado
De nunca ter sido criança
Queria ter sido abençoado
Ter na vida alguma esperança

Infinito o amor das crianças
Que amam sempre com fervor
Só querem ter confiança
Em alguém que lhes dê amor

Neste mundo de emoções
Onde impera a maldade
Deixam de lado as ilusões
Esquecem a fraternidade

Pobres crianças esquecidas
Sem saber para onde vão
Entregues a homicidas
Ficam sem amor e pão

Magnatas deste mundo cruel e louco
Não esqueçam as criancinhas pobres
Elas contentam-se com tão pouco
Uma vez na vida sejam nobres…

“BRASA” MAGDA BRAZINHA



Ainda me sinto criança
...
Gosto de estar de mãos dadas com a vida
mesmo que muitas vezes me sinta mal.

Gosto de acreditar que muitas vezes vivo
num mundo e encantar e num conto de fadas.

Gosto de ter um sorriso no meu rosto
mesmo que muitas vezes me apeteça chorar

Gosto de me deitar no chão na relva no meio do mato
e de olhar o céu para ver as pinturas que vejo nas nuvens .

Gosto de tantas coisas que muitas vezes faz-me sentir criança
eu sou e serei sempre uma eterna criança sempre sonhadora.

Mila Lopes




02-11-2016

RECORDAÇÕES
Caminhei ...
entre acácias floridas
da minha infância
no protegido seio familiar,
de permeio, alegrias
e sobressaltos
que a idade me inculcou
e ultrapassou.
O verão,
passado na pensão dos meus avós,
na Covilhã,
e ver da janela do quarto
os filmes
projectados no terraço do cinema,
localizado em frente,
por vezes, já de olhos semi cerrados
de sono.
Permaneceu o contentamento
da recordação desse tempo vivido,
de meninice, a acompanhar-me,
sempre e, revivido.

José Lopes da Nave




“HOJE NÃO ME APETECE”

Não, hoje não amor desculpa...
Hoje não me apetece brincar contigo
Não sei como te posso explicar
No teu mundo não gostas do não
Não entendes porque não estou bem
E não me apetece brincar contigo
Os teus dias são sempre diferentes
São feitos de risos
Travessuras
Descobertas
Fantasias
Magia e sonhos
Estou cansada e não sei como te dizer
A tua energia é extenuante
Corres para mim
Abraças-me e olhas-me nos olhos
E perguntas
Vens brincar comigo?
Esse sorriso travesso nos lábios é irresistível
Explico-te mas não entendes
Sabes? Queria ser como tu
Viver no teu mundo de criança
Ser feliz como tu
Ter amigos do peito
Rir a bandeiras despregadas
Fazer asneiras e tropelias
Mas não sou…
Queres brincar comigo
Insistes…
Não resisto…
Deixo o cansaço e o mau humor de parte
Tu mereces tudo meu querido
Amo-te meu amor…Vou brincar contigo…
“BRASA” MAGDA BRAZINHA






PALHAÇO
...

Pinto a cara de mil cores
Me transformo todo o dia
Sou criança e adulto
Muitas vezes até julgo
Que não tenho horas vagas
Na voz tenho a alegria
No peito a saudade
Sorrio com espontaneidade 
Para alegrar a criançada
Caio no chão e me levanto
Causo a todos algum espanto
Se depressa dou outra queda
Feridas só na vida real
Nem sempre a ideal
No circo sou feliz
Não deixei de ser menino
Inocente e corajoso
Aqui sou apenas vaidoso
Quando ouço a ovação
E me toca ao coração
Livre sou no palco
Entre as máscaras que idealizo
PALHAÇO que sou
Homem que dou 
O melhor de mim
Porque serei sempre 
Criança.

Anabela Fernandes.




ALMA GÉMEA!
...
Anda daí, vem comigo
Como quando éramos crianças
Vamos passear há praia
Ver as gaivotas a voar
Os barcos a chegar
E sentirmos o abraço do mar.
Sentirmos o seu odor a maresia
Sentirmos o pulsar do coração
Nas suas vagas de espuma
Mergulhar nas suas águas azuis
Sentindo o seu amor em nós
Dando-nos força e alquimia
Para nos encontrarmos tu e eu.
Perguntarmos ao vento que passa
No seu barco a navegar
Se nos pode levar com ele
Para um tempo de amar
Porque o amor é universal
A indecisão é perene
Não devemos perdermos no tempo
Pois tudo é intemporal
O amor não é paciente, nem espera
Há que abrir a porta…
Quando ele quiser entrar
Dar-nos no todo e amar em cumplicidade.
Minha alma não entende
Porque a vida é complicada
Quando criança tudo era Primavera
Hoje mulher vivemos de esperas...

Voltamos serenas, mas indecisas
Que amamos o amor
Ambas sabemos!
Que é para nós um fulgor...

Rosete Cansado




Hoje, já tão longe essa meninice. ...
Hoje tão cansada,
Tão gasto o brilho dos meus olhos.
Hoje... Dia a dia a vida me ensina que cresci!

Hoje, caminhei de olhos despertos pelo vento.
Foi hoje que eu vi!
Tantas crianças, sem idade.
Cresceram, os cabelos branquearam.
Têm porém o brilho das manhãs no olhar.

Era alto o ancião,
Uma máquina de fotografar...
Sonhos, claridade, sorrisos, folhas caídas...
Grande ilusão, como,
Um brinquedo na mão.
Caminhava devagar.
Olhando...
Talvez quisesse encontrar.
A criança que foi um dia.
Talvez procurasse a magia de um olhar.
Das crianças que connosco se cruzavam.

ELE, ia á minha frente a caminhar.
Pois... passavam pela mãos dos pais,
Crianças contentes,
Pequenos homens e mulheres.
Nesta caminhada, dura por vezes de crescer.

Parava o ancião,
Num rasgo de destreza.
Fotografava, esses seres de luz.
Eu seguia seus gestos, sorria.
Tudo que o olhar dele observava, eu via.

Apressei o andar.
Caminhei lado a lado...
Olhamo-nos, rimos como crianças.
Seus olhos eram estrelas acesas.
Estrelas caminhantes na tarde que partia.

Ele sorriu, ou fui eu que sorri?
Não sei...
Sei só que por segundos.
Fomos crianças de riso puro sem maldade.
Eternos os gestos de coração.
Eterna a sábia condição,
De saber envelhecer.
Mas alma de criança,
Sempre ter.

Augusta Maria Gonçalves.




Sou adulta sou criança
...
Sou adulta , mas muitas vezes sinto-me criança
pois nunca me esqueci da criança que um dia fui .

Agora adulta ,tento realizar os sonhos
que ainda vivem no meu íntimo .

Sou adulta e encontro na minha vida muitas vezes tropeços
que tento contornar no meu dia -a -dia com amor e alegria.

Sou criança pois adoro inventar
e continuo sempre a sonhar no meu mundo de encantar .

Agora adulta , tento escrever o que a minh’ alma dita
vou pintando e desenhando assim vou me esquecendo de tudo.

Sou adulta, e abraço com força a vida que tenho
pois viver é um dom que me foi dado .

Sou ou adulta, mas dentro de mim habitam a paz o amor e a luz de ser como sou ,e dentro de mim ainda mora a minha essência
de criança.

Mila Lopes




26-10-2016

DIA DE NEVÃO

O dia amanheceu, branco! O firmamento reflectia-se numa sensação de quietude e paz, nem uma brisa corria!
 Enquanto tomava o pequeno almoço e olhava para o quintal, as árvores e plantas pendiam os ramos cobertos de neve, fofa e leve.
 Ao sair de casa, um tapete cobria a rua. Aproveitei as pegadas deixadas pelo meu pai que saá cedo e, mesmo assim, apenas os joelhos sobressaiam do manto.
 Ora, dia de nevão, era dia de festa para os alunos do liceu!
 Mal começara a nevar, os alunos mais velhos, pela calada da véspera, faziam grandes rebolos de neve com pedras interiormente, a fim de aumentar a sua massa e bloqueavam os portões do liceu.
 Professores e alunos iam chegando, mas não conseguiam entrar, aguardando “pacientemente”.
Por fim, vindo o reitor, ordenava aos contínuos, para desimpedirem a entrada, o que entretanto, levava à escusa da primeira aula.
 Aos intervalos, eram as brincadeiras de bolas de neve, atiradas de uns aos outros.
 Chegada a hora de saída para o almoço e, dada a circunstância do liceu estar situado num ponto alto da cidade, as ruas apresentavam forte declive que os rapazes aproveitavam para “skiarem” em botas ou num cartão.
 As raparigas, porém, sentavam-se nas pastas, feitas de trenós e … saias entre as pernas, deslizavam ladeira abaixo, todos contudo, entre trambolhões e gargalhadas.

Frio, não se sentia, era dia de folguedo!


José Lopes da Nave



“CRIANÇA QUE FUI”
Como seria bom ser outra vez criança
Voltar ao velho jardim e às nossas brincadeiras...
Correr atrás das folhas tocadas pelo vento
Brincar na rua correr e pular
Saltar á corda e jogar ao pião
Fazer bolinhas de sabão
Gargalhar até cair
Ver o nascer do sol quando ia aos figos com a minha mãe
Sorrir sem nada pedir
As querelas com os meus irmãos
Olhar as nuvens e contar carneirinhos
Cerejas nas orelhas a fazer de brincos
Os verões com os meus primos
Ir á praia todo o ano
Nadar e andar de barco com o meu pai
Os natais em família
Os biscoitos da minha mãe
Os miminhos do meu pai
O meu mundo de sonhos
Na minha alma de criança
Lar onde não faltava o pão
O sabor dos doces feitos de carinho
O sorriso doce de minha mãe
As palmadas ternas do meu pai
No fulgor de ser criança
A vida passa a correr
Deixando marcado para sempre
A ternura de ser criança inocente e pura
O amor e a esperança
Era o meu ninho
Como seria bom ser eternamente criança…
“BRASA” MAGDA BRAZINHA





A CRIANÇA QUE VIVE EM MIM
Da semente plantada pelos meus pais...
Com muito carinho e amor!
Nasci numa manhã fria de Fevereiro
Que no regaço de minha mãe
Fui aconchegada e me deu o seu calor
Criança muito amada e sempre protegida
Adorava brincar e correr pela praia
Andar de baloiço que o meu pai fazia
Era muito alegre e sempre a cantar…
Gostava de fazer bonecas de trapos,
Que partilhava com as minhas amigas
Ir para a escola e tudo aprender
Pois para mim, ler era uma alegria
Cresci e fiz-me mulher…
Mas sempre muito risonha
Gostava de dançar e do Carnaval
Para brincar e mascarar-me.
Hoje recordo esses tempos de então
Pois não os consigo olvidar,
A criança de outrora que meus pais adoravam
Em mim continua a viver, chorar mas sempre a vibrar.
O tempo tudo dá e tudo tira
Mas o quanto eu gosto da vida
Faz de mim uma pessoa serena
Que adora escrever poesia…
Umas vezes com nostalgia
Outras com magia e alegria...


Rosete Cansado





ETERNAMENTE CRIANÇA
Criança fui correndo nos regos de água
Descalça para afagar as mágoas
Que em turbilhão remetiam meus pensamentos...
Para o sopro do vento, pedindo liberdade
O coração pousado num vale de belos nenúfares
Impelia-me a percorrer aquele caminho que achava seguro
Nunca me atrevi, tinha medo do escuro
De sufocar sob as folhas que enchiam a ribeira
De branco e verde.
A sede adiada não foi saciada
Das árvores com frutos só conheço o meu olhar guloso
De fugida o pinhal onde as camarinhas cresciam selvagens
Da ria sabia todas as marés, os ventos que a açoitavam,
Os retalhos de velas que guardavam histórias de barqueiros.
Nos mapas da escola sabia viajar sem sair do lugar
E do mar só lhe conhecia o cheiro.
Fui criança sem saborear a maresia
Conquistei o que podia?
Rosa alice





ALVA VISÃO
...
Doce pensamento,
Eternamente criança.
Foram tempos de riso,
Tempos de laços e flores.
Tempo de caracóis de oiro penteados
Com pente de marfim…
Eram os caracóis de oiro fino.
Os olhos de um azul roubado ao mar.
A carita de pétalas de rosa…
Nariz empinado, cabelo por fita de seda adornado.
Mas em redor de mim pairavam anjos.
A mãe alegremente me cantava.
Serás um dia terna flor, mulher cheia de valor.
Não nega o espelho mágico que crescemos.
Seguimos nossa estrela, caminhamos por caminhos e veredas.
Desejando tanto a felicidade.
Olhamos a vida com esperança,
Até revisitamos os quartos encantados da infância.
Rimos para essa menina que vive em nós,
Temos tanta saudade.
Depois fazemos viagens inesperadas.
Deixamos para trás o lugar da infância.
Somos plenos, conscientes, amamos tanto.
Atravessamos com amor todas as primaveras.
Um dia despertamos é já outono.
Já nossos cabelos têm raios de luar.
Nosso coração rosas desfolhadas.
Nossas mãos são lírios brancos macios.
Cuidam, limpam, cozinham com desvelo.
Depois há noites de ventos agitados.
Temos medo… talvez ainda se resista a esta noite.
Já cai neve, tudo branqueia,
É numa gélida brancura que temos visões.
Somos já anciãos, e nossos pais crianças.
Lembraremos ainda as cantigas de ninar?
Tenta-se.
Não temas não, eu sou a tua terna flor, ainda é dia não adormeças fada mãe.

Augusta Maria Gonçalves.



O meu tempo de criança
Ainda me lembro do meu tempo de criança...
era alegre risonha e inocente
mas tinha no meu peito esperança
Lembro-me das minhas brincadeiras de criança
de brincar com uma boneca de trapos
que a minha mãe me fez.
Lembro-me de brincar com as minhas irmãs
a jogar a apanhada ás escondidas e ás pedrinhas
e de fazermos uma roda
onde de cantarmos e dançarmos
com muitas gargalhadas e alegria.
Lembro-me de ir a pé para escola com frio
de aprender os rios de cor e tantas outras coisas mais
Lembro-me de levar reguadas quando não sabia a tabuada
são tantas as lembranças do meu tempo de criança
que não cabia nesta folha tudo o que me lembro .
Já muitos anos se passaram
mas recordo com lembranças o meu tempo de criança
não tínhamos nada do que as crianças de hoje têm
mas éramos felizes com as nossas brincadeiras na rua.
No meu tempo de criança tinha tão materialmente mas tinha amor e muita esperança,
No meu tempo de criança éramos felizes mesmo com pouco, e não tínhamos medo de nada .
_______________________Mas______________________

__Éramos livres como o vento que sopra e canta melodias__
Mila Lopes




ACTRIZ..
Fui actriz em criança...
nos teatros da escola
ainda está na lembrança
o que levava na sacola
inventei personagens
ricos e pobres
eram belas as imagens
que recortava das revistas
algumas eram tão nobres
que de longe davam nas vistas
fui princesa e rainha
bruxa e malvada
mas com grande pena minha
pelo princepe não fui amada
no sótão lá de casa
meu quarto de menina
fui até a cigana
que a todos lia a sina
e hoje cresci
sou mulher e actriz
nesta vida de faz de conta
ás vezes pareço alheia
mas não me tomem por tonta
gosto de rir e brincar
ser até cortejada
tenho a alma bordada
com o verbo amar
no palco quero entrar
recitar um poema
irei me fantasiar
daquilo que for o tema.


Anabela Fernandes





19-10-2016

Queria ser eternamente criança
Terei sempre alma de criança
De vez em quando a que vive aqui dentro volta...
Volta a correr e a brincar
A rir ou a chorar sem saber de quê
A ter saudades do colo da mãe
A ser pura e sem maldade
A cantar á chuva
A ter mistérios por descobrir
A sorrir com os olhos
A chapinhar na água do mar
Correr com o vento a bater no rosto
Nada saber e tudo querer
Ser feliz todos os dias
Habitar no reino da fantasia
Comer e se lambuzar
Correr para os mimos da mãe
Quem não brincou não sabe o que perdeu
Saudades de voltar ao passado
Deixei de ser criança
Olhei ao espelho e vi
Criança que fui
Mulher que sou
Continuo com alma de criança
Tomos temos uma criança dentro de nós
Vamos soltá-la e fazer este mundo
Mais colorido e mais feliz
Onde todas as crianças pudessem ser felizes
Vamos sorrir…Vamos tornar a ser crianças…
“BRASA” MAGDA BRAZINHA





PAIXÃO PELA VIDA
...
Ainda bem pequena, duas coisas descobri em mim.
Primeiro foi a leitura, depois foram os poemas.
Andava sempre a ler o que podia, mesmo á luz
Do candeeiro a petróleo.
Versejava o que a mente me inspirava.
Num caderno a que chamava diário
Escrevia com o coração.
Mais tarde já jovem feita
Começaram os amigos e namoricos
Apaixonei-me com amor sincero
Nas minhas cartas trocadas,
Havia sempre um verso de amor.
O tempo passou, pois não para
Novos horizontes preencheram a minha vida
Uns felizes, outros infelizes…
Mas tudo foi ultrapassado pela força,
Pelo amor e pela coragem.
Hoje sou um ser bem diferente!
A vida me fez crescer de repente
Neste crescimento aprendi muito
Mas também ensinei muita coisa…
Hoje a pensar descobri!
Em toda a minha vida eu sempre
Fui uma apaixonada pela vida, pelo amor,
Pela leitura, pela escrita e pela poesia...
Que me sai da mente e transmite ao coração
Com magia e fulgor!
Continuando a viver em mim aquela criança
Que gostava da vida, correr pelos campos
Falar com o mar e gostar da sua brisa.

Rosete Cansado




ETERNAMENTE CRIANÇA, BASTA ACREDITAR.
Vendei os olhos, planei por entre encantos, ...
Coisa de olhar de criança.
Dei por mim na outra ponta do arco íris.


Grande era a porta.
Poucos se atreveriam a abrir essa porta
Que tinha brilhos de oiro aceso.

Recordo-me! Sem medo, era tão menina.
Sabia. Sempre me segredaram que nasci para ser feliz.
Talvez por isso, irrompi correndo nos meus leves pés.

Vi um lugar de fantasia.
Girassóis altos eram o céu desse lugar.
Girassóis azuis adormecidos rindo nos braços das nuvens.

Veio uma borboleta de asas de seda,
Disse. Estás no reino do encanto.
Meus olhos ávidos, olharam-na.
Disse como queria eu ter essas asas.

Pousou no meu ombro. cantou ao meu ouvido.
Terás és criança ainda.
" respondi, quero ser grande "
A borboleta bateu asas.
Disse, brinca nesse jardim.

Lembro.
Eram minhas mãos flores desabrochadas.
Meu coração batia ansioso.
O céu estava enfeitado de aves.
Um melro afinadissimo, tinha uma palha no bico,
Regia a orquestra musical.
Eram melodias doces como perfumes
Corri mais, cheguei perto de um lago.
Um lago, águas de prata, tantos peixinhos verdes.

Olhava eu com aquele sorriso da pura flor.
Aquela flor cheia de candura,
Que são todas as crianças.
Vi minha imagem no lago.
Eu era flor!
Uns raios de sol brincavam em meus cabelos anelados
De meus olhos caíam á água,
Amores perfeitos, eu que já tinha chorado tanta vez.
Amei ver os amores perfeitos á tona de água.

Não sei como subi de volta o arco íris.
Depois tantos temporais nas bermas do crescer.
Tenho o perfume nas mãos das flores desabrochadas.
Meus olhos riem como amores perfeitos.
Procuro, nesse recanto da inocencia a luz que me encanta.
Olhando os reflexos onde procuro essa menina que cresceu.

Augusta Maria Gonçalves. 




Fui criança

Fui criança
 Fui riso...gargalhada
 Fui pequena...fui amada...mimada
 Fui livre...confiei
 Ser criança é não pensar
 É viver em amor
 Numa bolha de calor

Eu fui criança...e fui amada

Mas...o mundo dorme
 N'um não acordar enorme
 Ah! Se acordasse...e olhasse
 Veria
 A Pobreza...a Solidão...a Fome
 Crianças...que sós caminham
 De olhares parados...tristes
 E lançasse os braços ao seu redor
 Em gesto de proteção...Maior
 Em segurança... Superior
 Tiraria qualquer dor
 Só com um abraço cheio...em amor
 Para ter de volta naqueles rostos
 Um sorriso...O Sorriso de Criança
 Em rasgo de esperança

Eu fui criança...e fui amada

FCJ

 Fernanda Carneiro Jacinto






HOMEM-CRIANÇA

É entrar meu povo, é entrar…
Estão abertas as portas da imaginação!

Bilhete encantado na mão, entro na magia
 os pés de menino franzino, suspendem-se do chão 
 leve e farto de excitação.
 O olhar derretido, cheio do doce sabor
 farrapos de nuvem alva que desfio com a mão 
 sob o cúmplice piscar de olho do vendedor.
 O tempo chama-me, nada quero perder
 luzes cor sons reflectidos na multidão
 o sorriso rasgado no rosto em ebulição.
 Pulo para o dorso do cavalinho saltitante
 incapaz de suster o freio das minhas emoções
 num sobe-e-desce vertiginoso de sensações.
 As fichas mágicas apertadas na mão com fervor
 o som estridente que silencia o movimento
 escolho o carrinho azul choque, cheio de destemor
 mais uma corrida, mais uma viagem… 

No carrossel da vida, na vertigem do turbilhão
 não quero sepultar estas memórias felizes
 Homem-Criança, dois num só Ser
 irmãos siameses perpetuados pelo viver.

Antero Jeronimo






 12-10-2016

FIOS DE OIRO QUE O TEMPO TECE
Folheei como quem caminha, ...
Pelas folhas de um livro inacabado.
Fui ao encontro da criança da menina.
Nas primeiras folhas desse livro empoeirado.

Olhei com saudade aquela imagem.
De perfil gracioso.
Olhos de céu.
Cabelo doirados como espigas,
Que o sol dobava em fios de oiro.

Vi uma carinha inocente, seda pura
Bordada a pérolas de sal.
Não, a menina não sonhava.
Que o mar um dia no seu peito moraria.

Hoje sei de mar sem fim de amor e lágrimas.
De dores que se lapidam como gemas.
De diamantes em bruto,
Que o esmeril dos dias lapida em poemas.

Já se enevoam os olhos, pouco vejo.
Gastaram-se as imagens desse tempo.
Fecho o livro, retenho a infanta imagem.
Roubo todo o querer e acreditar.
Dessa boneca, que se fez mulher nas mãos do tempo.

Augusta Maria Gonçalves




SAUDADES DA MINHA TERRA
...
Eu nasci no Algarve,
Entre a serra e o mar
Búdens aldeia bem pequena
Que muito vim a amar.
Lá cresci fiz-me mulher
Amei e fui muito amada
Casei-me e tive uma filha
Pelas pessoas era mimada.
Foi lá que passei os melhores
E os piores momentos da minha vida
Hoje senti saudades e recordações
Que me são muito queridas.
Tudo tive e tudo perdi num segundo
Jamais poderei esquecer esses momentos
Vividos na terra que me viu nascer
Momentos de alegria mas também de muita dor.
Fiz as malas e parti para uma nova vida começar
Na zona onde hoje ainda vivo, vim instalar-me
Com lágrimas e mágoa comecei a trabalhar
Com muita força, muita esperança e muita tolerância.
Sempre fui lutadora e muito trabalhei
Hoje sinto muito orgulho naquilo que consegui!
Sinto por vezes a nostalgia e a saudade
Dessa vida que me foi retirada tão abruptamente
Mas Deus deu-me a compensação
De ser novamente amada e realizada.
Sentindo grande orgulho na minha filha,
MUITO ADORADA...

Rosete Cansado

      05-10-2016

EM HOMENAGEM À MINHA PRIMA AMÉLIA BORGES
A minha prima, Amélia, moçambicana de gema, que casara com um primo direito de meu pai, residia numa casa enorme, mas o que me fascinava era o enorme jardim, florido todo o ano e com capoeiras de aves e coelhos, num recanto....
Ora, mais uma vez me escapulira de casa para a visitar.
E, novamente, a Maria me foi procurar, parecendo adivinhar onde estaria e acertou. Já estava a jantar e, meu primo perguntou-me “queres um pingo?”, disse que sim, deitou um só e gostei!
Havia uma grande empatia entre nós.
Os anos passaram e, já no liceu, como ela dava explicações de Matemática, quis-me acompanhar no estudo, o que sucedeu até ao quinto ano, circunstância a conduzir que fosse sempre um bom aluno.
Nas explicações, em conjunto com mais colegas, a base do trabalho eram os exercícios do célebre caderno Palma Fernandes, de todos bem conhecido.
Por vezes, acontecia, quando em aulas a alunos de anos anteriores, aparecia um problema de maior dificuldade de interpretação e ela dizia:
_ Esperem, o Zeca (era a única pessoa que assim me tratava) já vem e ele resolve e resolvia.
Mais anos decorreram e já no último ano liceal, quando meus pais estavam na aldeia e eu tinha de ir à Guarda para exames da segunda época, era em sua casa que tinha as refeições e pernoitava.

A saudade mora comigo.
José Lopes da Nave




Ainda tenho alma de criança
Ainda rio á gargalhada choro até às lágrimas
Vou lembrar eternamente
O colo de minha mãe
Que saudades deus meu
Colo de ternura e esperança
De mimos e de beijinhos
Colo de cheiros e embalo
O seu sorriso rasgado
Carregado de amor e bondade
No seu colo vou e venho
Como um baloiço de amor
Nos olhos o mistério de ser criança
Na alma o amor de minha mãe
No olhar a poesia da inocência
Saudades do tempo que não volta
Das brincadeiras do esconde-esconde
Dos brincos de cerejas nas orelhas
Dos ralhetes de minha mãe
Das suas palmadas também
Fui uma criança feliz
Irrequieta e irreverente
Mas sempre com alma de criança
Um sorriso rasgado, palavra fácil
Saudades da minha rua
Dos amigos, dos vizinhos
Das conversas de porta em porta
Do tempo que tardava em passar
Saudades dos dias em família
Saudades mãe
Saudades pai
Vou ser eternamente criança…
“BRASA” MAGDA BRAZINHA



Eu
fui o caminho...
que percorri
fui o sonho
da vida que vivi
fui o tempo
que corre
depressa
fui criança
fui feliz
fui amada .
Hoje
sou a vida
que vivo
que me faz
sonhar
acordada
eu sou tudo
e sou nada.

Mila Lopes


SOU MULHER
...
Sou mulher não nasci perfeita!
Porque já nasci imperfeita
Imperfeição de qualquer ser
Sou mulher que a vida aceita
Não sou resignada com a vida
Mas aceito quem o é.
Sou mulher de fé, tenho esperança
Numa vida mais justa para todos
Mais amor e compreensão.
Sou liberdade em Primavera
Sorriso no Outono da vida
Sinto no meu peito o amor
Que no meu viver, tem grande valor
No meu coração não existe rancor
Mas sim…o perdão para quem merecer.
Sou mulher, já fui criança, adolescente.
Sou mãe, amiga, companheira e amante,
Sou confiante vivo com lealdade
Mas aprendi a gostar mais de mim
Nesta vida que me foi dada por Deus
Aceito os meus defeitos e deveres
Mas resignação não…

Rosete Cansado


“PELO SONHO É QUE VAMOS”
...
Ser criança ter o encanto e a inocência
É viver a vida nos braços da esperança
Sem entender neste mundo a violência
Crescendo feliz e alegre em segurança

E porque algures se perdeu essa criança
Que em nós morou e sonhava também
Vem a tristeza enquanto a idade avança
Quem não sonha fica do fracasso refém

O que a alma precisa ordena ao coração
Com um instinto de liberdade e rebeldia
E emprestando a sua força com emoção
Ajuda a curar a mágoa e a trazer alegria

Pelo sonho é que vamos! Sonhando sim
Que só sonhando a felicidade se alcança
Viver nos braços da esperança até ao fim
Sem nunca deixar partir de nós a criança

2016/10/05 Irene Conde



RETORNEI AO PASSADO
R emexi o baú das minhas memórias...
E m tempos de escola onde fui feliz
T udo tinha brilho e cor e tantas vitórias
O que fui e o que sou será que eu quis?
R evirei a gaveta e voei nos sonhos
N aquele jardim onde tudo começou
E ternamente me perco e de mim sou juíza
I nventando soluções vivendo emoções

A ndei no baloiço da vida
O nde o mar engoliu as desilusões

P assei a revista ao passado e presente
A trás vou vivendo cada despertar
S em me perder quero tudo viver
S onhos e ilusões na minha inocência
A criança dentro de mim reclama
D ias alegres e amor no coração
O nde a fé embala a embarcação

Anabela Fernandes.
 
VOLTAR A SER CRIANÇA PELA MÃO DO TEMPO.
Olhei o azul infinito.
Pequena me vi.
Recuei anos luz , ...
Levitei entre todas as rotas do tempo.
Planei, senti-me ave.
Era por fim criança.
Corri em passos leves, por entre verduras e flores.
Mas logo ali.
Tantas crianças, meninos, meninas.
Girassoís mirando, guardiões altivos, projetavam sombras.
Ondulavam no chão eram o cenário mágico para a festa da vida.
Ecos de musica, entoavam.
Era tal alegria, que todos os risos soavam a cantares de água cristalina.
Era o som melodioso do canto do crescer,
Eram tantas as sementes de esperança.
Acontecia naquele lugar a festa da vida.
Rodeavam o espaço imagens alvas vestidas de túnicas de luar.
De asas longas, de seda feitas.
Eram anjos do bem, a velar…
Velavam.
A inocencia de olhos iluminados de esperança no crescer.
Hoje, daqui do penhasco da vida,
Sonho com um amanhã melhor.
Em que crianças, desfrutem do amor, colo e pão.
Se dermos mel de amor.
Por certo no tempo da floração,
Serão estes seres,
GIRASSOIS RISONHOS PORTADORES DE PAZ!
Persistiram em ser eternamente crianças.

Augusta Maria Gonçalves.



O livro da minha vida
Abri
o livro da vida!...
Vi a vida...
no meu livro!
Cada linha,
página
ou capítulo,
um momento especial!...

Envolvida em nostalgia,
virei a página...
no verso,
ficou o passado!
Na página principal
a vivência,
a experiência,
a bagagem
da minha existência!...

Escrevo
a página do dia
como se fosse
a primeira,
a única,
a derradeira!

Entrego-me!...
Com paixão
pinto a página da vida...
cores singelas,
mas sentidas!
Nos traços da pintura
o Amor,
a Paz
e a Esperança!...
E renovo o coração
como se fosse
ainda
criança!

Mª da Graça Dordio Dimas




Laços
O sorriso...
Permanece
A idade elouquece
Aquece a timidez que se econde
E no olhar a plenitude que vai até
Nem sei onde
Vai muito para além de mim
Deambula por aí
Na procura de ti
De tanta coisa que me eleva
De tanta lembrança
Eternamente criança
Um vínculo que não desfaço
Ah e o sorriso
O sorriso é o laço
Ah e o sorriso é o convite
A aproximação, o chamado
Ah e o amigo é aquele que sorri comigo
E sempre está ao meu lado
Dá-me a mão vamos brincar
Dá-me o braço
Vamos baloiçar na vida
Vamos gritar ao Mundo
Vamos... Vamos declamar juntos!
A bela arte de amar.

Florinda Dias
 







28-09-2016
A VINDIMA
O dia amanhecia atrasado em mim, pois queria que o sol despontasse, logo, após a ansiedade sentida, de noite....
Era um dia particular!
Tomado o pequeno almoço, lá ia eu, encarrapitado no carro de bois, para as vinhas.
As mulheres, depressa se dispunham a cortar os cachos e os homens, afanosamente, a recolhe-los em cestos e depositá-los em dornas, alinhadas no carro e, posteriormente transportadas para o lagar.
Chegada a hora do almoço, todos em redor dos tachos e panelas que minha mãe levara. Recordo os filetes de bacalhau que me sabiam melhor que em casa.
Havia a preocupação de escolher as uvas aperfeiçoadas, a fim de serem conservadas, penduradas nos caibros do sótão que perfumavam. Entretanto, alguns respigos ia lambiscando, posteriormente.
A tarde aproximava-se do fim, era a hora de regressar.
Após o jantar os homens iam fazer a meia noite, pisando as uvas, assim acelerando a fermentação, depois de meu pai recolher o mosto para a jeropiga.
Irremediavelmente, também saltava para o lagar, os acompanhando, tanto quanto podia e, em fila, todos cantando, ao som de uma concertina, ora pra lá, ora pra cá.
E, o dia chegava ao termo, era a vez da ceia, do lava pés e cama, ansiando pelo novo dia, no lagar, sempre surpreendente.
José Lopes da Nave



SOU TUDO E NADA SOU
Na minha estrada da vida!
Fui criança amada e feliz
Fui jovem alegre, a sorrir...
Tornei-me mulher com sonhos
e esperança...
Hoje sou!
Rio que corre para o mar
Sou mar calmo de azul sereno
Sou vento, sou chuva
Sou madrugada, sou alvorada
Sou dia, sou noite
Sou escuridão,sou iluminada
Sou destemida, sou atrevida
Sou alegre, sou triste
Sou amada, sou desejada
Sou abençoada por DEUS
Sou mulher, sou mãe
Sou apaixonada pela vida
Sou apaixonada pelo amor
Sou feliz, mas também fui infeliz
Choro de alegria,
Mas também choro de tristeza
Grito de alegria
Mas já gritei de raiva e dor
Tenho tudo, nada tenho
Sou pecadora. mas acredito
Tenho um coração grande
Onde cabe todo o amor e muita
Amizade e esperança
Para este mundo conturbado.

(RC) Rosete Cansado




Eu
Quero fugir ...
dos meus pensamentos
ir para bem longe
sem rumo
sem direção.
Quero voltar e ser a criança
que outrora fui .
Quero voltar a sentir os sonhos
dentro de mim.
Quero libertar a minh’alma
de muitas coisas que me incomodam .
Quero e preciso ouvir o silêncio
que muitas vezes
faz morada no meu ser.

Mila Lopes



Nos meus tempos de criança nós tínhamos menos direitos
que os cães e os gatos, porque estes tinham direito ao descanso
que, em geral, para as crianças das classes laboriosas, nos era ...
absolutamente vedado… em geral as crianças eram mais exploradas
que os próprios adultos. Quantas vezes o próprio pai foi patre patrone…

A “CONVENÇÃO SOBRE OS DIDREITOS DAS CRIANÇAS” só foi
Implementado pela UNICEF em 1989. Já não beneficiei dessa convenção
nem da atitude que o 25 de abril, de que fui operacional, ajudou a implementar…

A DOR FOI MINHA LANÇA
Quando eu era criança,
sem boina nem chapéu,
fui espécie de bonança
sempre de pata ao léu.

Chapinhava regatos,
patinhava nos charcos,
tinha desejos latos
mas os meios eram parcos…

Bem antes d’ir p’rá escola
ia à lenha, se houvesse…
mas levava a sacola
p’ró que desse e viesse…

Quase sempre chegava
cansado… hora atrasada…
e o dia começava
com mais uma reguada.

Mandavam-me ir à missa…
mas, sempre, a rebeldia,
perante a injustiça,
aumentou dia-a-dia.

Capitão das areias,
das chuvas e regatos…
assaltava colmeias
mas protegia os gatos.

A dor foi minha lança
com que fiz meu destino…
só sei que fui criança
que nunca foi menino.

Ser eterna criança
da forma como eu fui…
não sei se era bonança,
só sei que não me influi.

Matos Serra,




Não vive em mim qualquer saudade
Partiu com o passado, foram embora ...
Não quis que me tirassem a vontade
De ir em busca de uma nova aurora

Soltei a minha mente e libertei a alma
Aconcheguei com amor meu coração
Fui ao encontro do futuro com calma
E senti que parti para outra dimensão

Preservei aquele espírito de criança
Que me dá a permanente sensação
De liberdade que no peito descansa
Para afastar de mim a negra solidão

2016/09/28
Irene Conde




Sonhei-te acordada...
lua cor de prata
enamorei-me de ti
dos contos de fada
que já vivi
passei despercebida
na minha janela
olhando o teu luar
pensando beijar
quem por mim passou
e hoje aqui estou
te olho de novo
volto a ser menina
sonhando de ter
sem de ti saber
pergunto oh lua!
no teu pedestal
meu sonho é real
ou apenas fantasia
me dando alegria
será passageira?
minha conselheira
diz-me cantando
onde pára meu encanto
descansa meu pranto
e deixa-me ser criança
feliz outra vês...

Anabela Fernandes.



O Grito
Onde andas menina?...
Menina traquina
Menina adorada
Menina vaidosa
Menina que te perfumavas
Com perfume de rosa

Onde andas menina
E a criança... onde está
A jogar às escondidas?
Sei lá... Sei lá

Por onde andastes
Se só agora chegastes
Transformada em mulher
Agora com um perfume mais floral
Tal como o teu homem quer

Agora
És a aurora,,,
És a mulher criança
Que ainda ama e namora

Anda, corre, não pares...
Hoje passastes a ser tanta coisa...
És abrigo, és amiga, és família e muito mais!

Eternamente criança, haja alguém que te oiça
Sorri berra e grita... És dona dos teu ais.

Florinda Dias




TALVEZ PASSEIO, TALVEZ MIRAGEM
...
Ria a luz de um tempo ameno.
Brincavam os pequenitos no parque.
Um parque de árvores tão altas,
Os olhos da criançada curiosos,
Seguiam da base da terra até a copa das árvores.
Defendiam os olhitos da claridade com a mão inocente,
Viam as árvores abraçar o céu.
Tão perto pensavam, coçando a ponta do nariz, pensava Pedrito, um dia vou voar.
Sei hoje que tinha asas nos pés, corria como andorinha leve.
Eram tantos os meninos, passarada solta, corria em bandos.
Iam debruçar-se junto ao lago.
Fascinados olhavam os peixes vermelhinhos, repartiam as migalhas do pão,
Com patos, pombas e peixes.
Riam encantados com o gesto inocente da partilha.
Havia no bando das aves contentes,
Alguns sorrisos tristes,
De traços delicados ou famintos,
Apenas lhes restava a leveza dos pés.
Porque mães são amor,
Ao outro dia, a mãe levou mais pão com mel.
Procurou com seus olhos de fada madrinha
Os meninos tristes. Sentou-os em redor de si.
Repartiu a doçura do sorriso o pão, de mel.
Falou a todos nós no paraíso maravilhoso onde morávamos.
Como é lindo o brilho da inocencia.
Ria a paz Era um brilho resvalando pelas árvores.
Era o momento um apaziguado tempo.
Levantaram asas de repente…
Sobejou pão, porque patos e peixes nos esperavam.
Seguiu-os a fada, a mãe, a sábia, a que com mel ensinava a repartir.
“ O jardim existe, as árvores não pararam de crescer, a fada envelheceu, nunca me esqueci, do lago da minha infância. “
Ainda hoje ao olhá-lo me vejo, reconheço a menina que sonhava ser, feliz.
Pois o lago era um espelho.

Augusta Maria Gonçalves




21-09-2016

Pudesse eu dar-te os sorrisos
da infância de mim de outrora
entre gargalhadas e risos...
corrermos pela estrada fora
voltar a ser a criança
que na alma ainda mora.

Jogar contigo à apanhada
ao berlinde ou ao pião
correr na erva molhada
depois rebolar no chão
deixar-me ser deslumbrada
pelas brincadeiras de então.

Depois num bailinho de roda
agarrada à tua mão
cantar a canção da moda
e rirmos até mais não
soltando a nossa energia
como se solta um balão.

E assim podermos sonhar
e alimentar a ilusão
pra que em nós nunca se acabe
essa doce sensação
de sermos eternamente as crianças
que guardamos no coração.

Aida Maria (Aida Marques)



O PRIMEIRO SOBRESSALTO
Meu pai saía, muito cedo, minha mãe em casa tinha os afazeres domésticos, poucos, pois a empregada, a Maria (de quem me lembro bem e tenho saudade) deles se ocupava....
Assim, para além de receber e visitar as amigas, assumiu como missão, ensinar-me os princípios escolares básicos e, de tarde, me instruiu a ler, escrever, e aritmética.
Apenas, nunca me fez um ditado, o que levou, quando fiz o primeiro na escola, tivesse quinze erros e apanhei umas reguadas, a envergonhar-me.
Em consequência e sentindo-me limitado, por vezes, mesmo com a empregada próxima, escapulia-me para casa de amigos vizinhos.
Ora, de uma vez, era dia de feira ou mercado (?), ia visitar um deles, cujo pai tinha uma fábrica de gelo, o que me fascinava.
Havia muita gente nas ruas e eu caminhava, como me ensinaram, no passeio, muito estreito.
E … um homem que ia na rua, ao ver um automóvel aproximar-se saltou para o passeio e fez-me cair, no preciso momento.
Fiquei entre rodas! E, ileso!
Me seguraram e levaram à farmácia, em frente, por precaução e posteriormente, a casa.

Certamente, foi a primeira intervenção do meu Anjo da Guarda …
José Lopes da Nave




Cavalinho de Cartão
Serei eterna criança...
Enquanto te guardar...
Nesta terna lembrança,

Cavalinho de cartão
Diz-me se sonhei ou se é realidade,
Esta obseção...
Dá-me um sinal e diz-me sim...
Ou diz-me não.

Diz-me cavalinho
Se pela água da chuva um dia, fostes desfeito
Diz-me se é verdade a visão que tenho de tí
A que ainda hoje, guardo no peito.
...
Eu era menina de brincar
E pressumo que tinha...
Um cavalinho de baloiçar.

Não sei se foste sonho,
Ou se foste realidade
Viverei até morrer sem saber...
Se fostes meu de verdade.
...
Penso que...
Tinha um cavalinho de cartão
Brinquei com ele muito tempo
Um dia, de tanto brincar...
Chegou a noite...
E eu esqueci-me de o guardar,
De manhã ao acordar, ouvi chover,
Vim à rua a correr...
E a chuva era tão intensa, e tão forte,
Que o meu cavalhinho desfes-se à má sorte
Vi-o caido no chão desfeito em bocados de papelão
E eu chorei perante ele...
Ainda hoje eu lembro esta cena
Que não sei se foi sonho, se realidade, se afeição
Ou se foi a falta de brinquedos que levaram esta criança a sonhar.

Ah criança...
Vivias tão ternamente na perfeita candura dos sonhos e da ilusão.
Vivias... E ainda vives na eterna missão que te foi dada.

A arte de Sonhar, Sorrir e Amar.
Florinda Dias



ETERNO AMAR
Amor é querer!...
Amor é amar!

Amo o meu amor!
Com ternura e magia
Momentos de alquimia

Amo, amando a vida!
O pobre que passa por mim...
As crianças a sorrir

Amo uma rosa no jardim!
Amo o meu cão que vive no quintal...
Amo as papoílas no campo...
As andorinha que fazem ninho no beiral!

.
Amo o campo, o mar os pássaros...
Amo viajar, outras culturas conhecer
Pois amar e ser amado
Uma razão para viver...

Inveja eu não a tenho!
Vivo com paz e alegria!
Amor, amar e amando...
Um sentimento que é nobre
Quer seja no rico ou no pobre.

Rosete Cansado




VIVER COM AMOR/Poema acróstico
Vivo porque gosto de viver...
amo porque gosto de amar
sonho porque gosto de sonhar
assim viajo no meu mundo de encantar.

Eu…
V ivo um dia de cada vez
I maginando e sonhando
V ejo o que me rodeia
E ntão viajo e imagino
R evejo e vou criando .

C om palavras eu alço voo
O lvidando e sonhando
C ada vez mais e mais.

A vida ensinou-me a caminhar
I ndo devagar um dia vou chegar
D oo -me inteira a tudo o que faço
A mo tudo de coração .

Eu …
Caminho em paz e humildade
e com amor dentro de mim
assim sinto-me mais menina
assim eu gosto de viver .

Mila Lopes



CRIANÇAS, POR ELAS A PAZ.
HÁ hoje ser criança...
Tem que se lhe diga.
Porque ontem!
Criança passava despercebida.

Gente abastada,
Suas crianças mimava.
Mas meninos pobres.
Tinham mãos de flor.
Fome de beijos.
Racionado o amor.

Olho a ponte do tempo.
Corro rumo ao crescer.
Petiza de pés leves.
Borboleta azul.
Andorinha, pena,
Sorria, estrelas tocava, fantasia...

Amava as flores.
Com tanto amor,
Que as colhia.
Minha inocencia,
Não sabia.
Que flor colhida morreria.

Aprendi,
Respeito!
Paz!
E.
AMOR!

Respeito tudo e todos.
Quem caminha descalço.
Dou-lhe asas.
Quem passa triste.
Reparto meus olhos num sorriso.
Quem chora, beijo-lhe os olhos.
Para entender o amargo das lágrimas.

A Natureza, respeito e amo.
Passeio-me rente ao arvoredo.
Escuto canções de paz.
Tanta vez tudo se aquieta.
Vêm de longe gritos, ecos de injustiça.
O vento abraça os abutres.
Sinto cheiro de flores perecidas.

Esta, hoje e aqui.
Cresceu, perdeu a inocência das aves.
Carrega do tempo de criança,
Todos os valores, herdados da familia humilde onde nasceu.

Deixarei por herança,
RESPEITO.
PAZ E AMOR.
Brilhando o meu acreditar na PAZ!!!
PAZ!
O melhor legado para os inocentes

Augusta Maria Gonçalves.





  
14-09-2016
AI O PAPÃO
...
Se durmo, vem sempre um pesadelo
Com fantasmas medonhos em redor
Que me invadem o sono em atropelo
E se acordo o pesadelo ainda é maior

Personagens fictícias, mal não fazem
Mas a realidade é uma grande aflição
Oiço arautos que as desgraças trazem
São os lacaios dum monstro comilão

Então prefiro adormecer novamente
Para voltarem fantasmas ao pesadelo
Que não são de uma máfia decadente
A roubar sem vergonha num atropelo

Sinto eternamente em mim a criança
Que indefesa neste mundo perverso
Segue frágil enquanto a idade avança
Em pesadelo e realidade me disperso

Dormindo ou não! A vida é um susto
Com fantasma ou com um real ladrão
Mas sonho acordar num mundo justo
Em que não tenha de temer o papão!

2016/09/14
Irene Conde




NOSTALGIA
Imana em mim o sonho da juventude ...
que recordo:
as aulas, a entrega dos pontos,
por vezes, com sobressalto,
agitando-me o ser.
Mas o ser se alegra,
ao recordar as esperas
das colegas, à saída
das missas e do terço,
acompanhando-as a casa,
respeitosamente.
As serenatas nocturnas
sob as janelas
das meninas,
esperando que a luz
do quarto se acendesse,
como aspeito de agradecimento.
As troupes congregadas
em “caça” dos caloiros
desobedientes, da hora de recolher
e, as consequentes penalizações,
por vezes, um simbólico corte de cabelo,
de avertência.

O meu retorno no tempo…
José Lopes da Nave



O MEU DIÁRIO
...
Peguei no meu velho baú
Trancado com chave de prata
Há muito tempo guardado.
Com cuidado foi aberto.
Retirei o meu diário de outrora
Senti uma grande saudade
De voltar no tempo e relembrar:
Os meus anos de criança, uma criança feliz
Que corria pelos campos a sorrir e a cantar
Que gostava muito de ir para a escola
E com os colegas no recreio brincar.
Os meus anos verdes de juventude…
Em que a vida me sorria, não tinha muito
Mas tinha tudo o que necessitava.
O meu diário, era meu confidente,
Todas as noites eu escrevia com carinho
Como passava os meus dias, na minha aldeia.
Era feliz. Tinha um grupo de amigas muito unidas
Todos os dias nos juntávamos na cavaqueira,
Cantávamos, ríamos, passeávamos pelos campos
Pela praia e gostávamos de dançar!
Sempre que havia baile na Sociedade
Recreativa, todas juntas não faltava-mos.
Era bonita a nossa vida, sem preocupações
Tudo era diferente.
Algumas Tinham afilhados de guerra, no Ultramar
Longe das suas terras a combater pelo nosso País
Muitas cartas escrevi dando força e ânimo.
Já nessa altura eu escrevia os meus versos
Que lhes enviava com carinho e amizade.
A vida era dura, mas para nós ainda jovens
Tinha-mos o suficiente para sermos felizes.
Ainda hoje conservo algum dessas amizades
Quando falamos ou estamos juntas, recordamos
Esses tempos radiosos, onde a dor e sofrimentos
Não nos tinha batido no nosso portal.
Mais tarde começamos a namorar…
Todas ao mesmo tempo…
Algumas casaram, tiveram filhos
Saímos da aldeia para outras paragens
A vida modificou-se para todas
A amizade que nos unia manteve-se
Até perder o rasto de algumas
Mas conservo ainda quase todas essas amigas
Quando nos encontramos, é sempre uma alegria
A amizade quando é verdadeira é para sempre.
Tudo isto faz parte do meu diário e muito mais.
O meu diário vai voltar para o baú e fechá-lo
Quem sabe se um dia voltarei de novo a reviver
Estas e outras memórias…

Rosete Cansado



As lembranças da juventude
num pequeno cofre as guardei
e a elas recorro amiúde ...
viver sem as relembrar não sei.

Quando o dia surge sombrio
e a tristeza me vem rondar
recordo as brincadeiras e rio
afogo a tristeza a cantar.

Um precioso tesouro esse
que devemos salvaguardar
pra quando a angústia desce
com ele a podermos limpar.

Na alegria desses momentos
voltamos de novo a brincar
revigoram-se os sentimentos
temos novo respirar...

É certo que a saudade vem
não há como a evitar
mas é uma saudade que tem
motivos pra nos alegrar.

Aida Maria (Aida Marques)




AINDA
Ainda sinto dentro de mim......
A criança tão pura, tão meiga, tão doçura
A criança que sempre quis viver em candura
Aquela mulher ainda criança que se entregou ao Mundo
Talvez ilusoriamente, deambulando por aí
Agarrada a cada momento de esperança

Quem espera, sempre alcança...
Nem que seja dentro de si e assim se crie
Um Mundinho só dela, numa fraterna aliança

Ainda sinto dentro de mim...
A menina das tranças loiras de franja na testa a cair
Menina inocente... Um pouco vaidosa e airosa
Menina de sorriso fácil, que a deixava na inocência fluir

Ainda existe dentro de mim...
Aquela recordação bonita...
A de tempos de escola, em que a mochila era uma sacola
Em que saia que usava era rodada e feita de chita
Em que o guarda chuva e o guarda vento, era uma saca na cabeça
E recorda hoje a vida dura de outrora assim ... Com leveza
Ah essa menina que era tão feliz
E de tudo se lembra agora sem tristeza

Ainda sinto dentro de mim...
Retalhos da minha infância
Memórias que lembro, outras que esqueci
Hoje mulher com outro estatuto de vida
Vive de recordações...
Vive a vida ,ainda a acontecer
Aceitando-a assim tal como É
Na bela arte do saber-viver.

Ainda existe dentro de mim...
Marcas de um passado
Tal, como noutros tempos o vivi
Tudo é vida, tudo é estória
Tudo é viável a cada momento de Glória!

Mulher... Eternamente Criança...
Viva a Vida... Ainda estou aqui.

Florinda Dias




AS PÁGINAS DA INFANCIA.
Abro o livro gasto e poído da vida. ...
Esfrego o nariz,
Talvez o pó do tempo se acumule na memória…
Espilro, se abre um túnel, longo, distante.
Corro ao encontro dessa garotinha.
Cabelos beijados pelo vento.
Pés brancos, ligeiros.
Pára! Detem-se a olhar ninhos,
Pois seus olhos de vidro azul, olham o topo das árvores.
Talvez tivesse já o sonho de ser garça.
Tem saia rodada, brincam os girassóis com a espiguilha da saiínha.
Blusa de joaninhas… de onde a onde uma borboleta de asas de prata, voa
Ela ri, num riso cristalino que a minha lembrança arrebata.
Continua, canta… sorri.
Olha para trás, me acena, corre ao meu encontro.
Dá-me suas mãos delírio perfumado.
Dois beijos de sol.
Um abraço… É tanta a saudade.
Ela, eu.
Uma ponte de inocencia, um rio de tempo.
Um mar de sonhos.
Dentro daqueles olhos de brilho sem igual.
Não é grande a diferença…
Entre ESSA e EU, apenas a vida correu,
Não serei tão pura e inocente.
Mas, quanto meu coração chorou perdoou e amou.
Fecho o livro da vida…
Solta-se uma borboleta colorida.
EU!

Augusta Maria Gonçalves.
 





07-09-2016

HISTÓRIA…
Passado, Presente …futuro
Saudades que tenho da minha infância
Pequenas Brincadeiras...
Simples inocência
Saltar à corda, jogar à macaca
Saltar ao elástico
Policias e ladrões
Muito saltitavam os nossos corações
Este era o meu passado
Vivi um dia de cada vez
De cada dia aproveitei os bons momentos
Assim, sem dar por nada
Passou, os tormentos
De uma adolescência apaixonada
Dias sem fim
Uma alegria para mim
De passagens da vida muito arrebatada
E pronto este meu passado já passou
Mulher feita no presente
De um pouco de tudo da vida conhece
Sendo inteligente
Não me deixei iludir
Tenho sempre que saber
Preparar para o que está para vir
Mas o futuro nunca chega
Engano,
Ele já chegou e já se gozou…
Passou a ser passado…
Quero assim…
Quero ter Passado,
Presente
Futuro
É sinal de vida, mesmo que seja no escuro
A criança que vive dentro de mim
Será sempre assim
Ver um pouco este mundo em contra mão
Não só pela mente, mas também pelo coração
Todos os dias rezo uma oração
A pedir paz, saúde para todos
Assim fala meu coração
E estendendo sempre a minha mão
Sei que um pouco apago a minha e vossa solidão

PC_SO (Paula Oliveira)



ENSAIO P´RA RECITAL.
...
Era um tempo,
Um tempo que se perdeu dentro do tempo.
Só a memória luminosa de criança
Guarda a melodia desse tempo.

Casa, ninho,
Cortinas de chita.
Recanto pequeno.
Armário cozinha.
Cenário, palco,
A menina,
De saia comprida.
Sentava e tocava.
Sonhava…

Mãos de cristal.
Melodia solta.
Piano tocava.
A pauta existia.
Dentro da ternura.
Era fantasia,
Melodia pura.

Era tão petiza
Três anos e meio.
Musicas inventava…
Tocava, tocava.
Piano sonhava.
O armário pequeno
De verde pintado.
Era o piano.
Pedais não! Não tinha!
Cortina de pano.
Candeeiro aceso,
Palco iluminado.

Suas mãos fagueiras, de fada menina.
Faziam saraus,
Chorava o piano.
Na noite do sonho.
Plim! Plim! Plim…
Entoava ela,
Talvez fosse vento.
Beijando a janela.

Passaram os anos.
Já os sonhos dormem.
Ou jazem desfeitos.
Certo é que um dia.
Foi um mundo mágico.
Um piano feito,
Só de fantasia.

Essa menina,
EU!
Augusta Maria.

Augusta Maria Gonçalves.




SERÁ QUE LEMBRO SER CRIANÇA?
Será que ainda lembro de ser criança?
desconhecia a palavra "insegurança",
não avaliava a minha autoconfiança,...
não me preocupava sequer a confiança,
nunca tinha sentimentos de vingança,
que era importante estar na liderança,
não vivia sempre na pura desconfiança,
nem o real significado da esperança,
que quem nunca se mexe, nunca avança,
um dia iria usar no dedo uma aliança,
a vida não segue sempre a mesma dança,
há pessoas que nos atiram uma lança,
que por vezes temos de dar uma fiança,
depois da tempestade vem uma bonança,
preocupar-me se tenho boa vizinhança,
existem uns momentos de desesperança,
pensar se ainda tenho aquela pujança,
importar-me se tenho uma semelhança,
e até onde o meu olhar ainda alcança,
viver aquela vida sempre em poupança,
odiar tudo que está ligado à finança,
num lugar do mundo houve uma matança,
decidir e pensar como contrabalança,
que é difícil aceitar certa mudança,
muita gente se zanga com uma herança,
o divórcio e a morte geram festança,
que nossa barriga uma dia vira pança,
não olhar o que marca aquela balança,
que tudo na vida irá ter uma cobrança,
sempre a marcar passo na contradança,
saber fugir de uma qualquer lembrança,
que eu quero mesmo é boa aventurança,
para o raio que os parta a segurança,

Sim, lembro bem o que é ser Criança!
Joaquim Jorge Costa



Regressei ao tempo de infância, minha mãe me penteava com canudos, a moda daquele tempo e, das primeiras memórias que registo, com cerca de quatro anos, refere-se a um comportamento de meu pai.
Era meu hábito ir esperá-lo, acompanhado da empregada, a Maria, à chegada do trabalho.
Ora, de uma das vezes, um amigo de meu pai, lhe comenta:...
_ Que linda menina tem.
_ Menina, responde meu pai??!!
Pega-me na mão e vai direito à barbearia:
- Um corte à rapaz, de imediato.
Assim foi feito e, de seguida, uma chapelaria e a compra de um boné que adorei.
Ao chegarmos a casa, a mãe desanimou e, ainda , mandou a Maria à barbearia para recolha do cabelo, já envolvido com outros.
Pareceu-me que passei à adolescência repentinamente.

José Lopes da Nave



Nasci menino franzino
Cresci tornei-me ladino
Muito adorava brincar...
Mas o tempo não parou
Logo, logo me chamou
Era preciso estudar

Foi a estudar que aprendi
E com saber consegui
O meu primeiro emprego
Foi alegria para meus pais
Deixaram de suspirar ais
Passaram a ter sossego

Andei por longe de casa
Como ave a dar a asa
Para fazer o seu ninho
E um dia encontrei
A mulher a quem me entreguei
Com muito amor e carinho

E foi nessa vida a dois
Que algum tempo depois
O nosso filho nasceu
Foi um filho desejado
Que a nós foi confiado
Com a bênção vinda do céu

Mas sendo a vida um jardim
Ela nem sempre é assim
Porque as flores também murcham
E a água que tanto o regou
Num dia se transformou
Nas lágrimas que os olhos choram

Hoje com o tempo a passar
Vou só no meu caminhar
Mas não me espero perder
A criança que viveu em mim
Acredito que só terá fim
Quando eu um dia morrer

António Belo



LEMBRANÇAS
No baú muito velhinho,...
Fui vasculhar o passado,
Lembranças da minha infância,
Que recordei com saudade.
Lembrei-me d' uma menina,
De cabelo encaracolado,
De pele muito morena,
Com olhos acastanhados.
Seus belos caracóis pretos,
Sua irmã deles tratava,
Fazia-os em saca- rolhas,
Que ela muito gostava.
No cimo da cabeça um laço,
Com carinho a tratava,
Queria-a sempre limpa,
Da sua roupa tratava.
Quando ia para a escola,
Com uma bata branquinha,
Na mão a mala de cartão,
Se sentia uma rainha.
Gostava de ler e escrever,
Sempre muito sossegada,
Tudo queria saber,
Era muito arrumada.
Era muito imaginativa,
Belas redacções fazia,
Que muitas vezes na aula,
A professora, para os colegas as lia.
Gostava de no recreio brincar,
Ao lencinho, cabra-cega e manecas,
Era alegre e gostava de cantar,
E ao pião também jogar.
Seus pais muito trabalhavam,
Eram pessoas humildes.
Não queriam que nada faltasse,
Lhe deram muito amor e carinho.
Não eram ricos em haveres,
Mas tinham boas maneiras,
Lhe davam boa educação.
Para mais tarde, viver.
Aprendeu muito pequena,
A ter amor pelo próximo,
Ser nobre de coração,
Não mentir, ser verdadeira.
Aprendeu a crer em Deus,
Não faltava à catequesse,
Tudo gostava de aprender.
Essa menina de que falo,
Afinal era eu.

(RC) Rosete Cansado


PASSADO E PRESENTE
...
Do passado e do presente
se constroem histórias de vida,
umas tristes, outras risonhas,
tudo faz parte da nossa existência.
Na minha infância de menina só ,
tive sempre a acompanha-me,
a solidão, o silêncio e a penumbra...
E assim cresci envolta em fantasias...
com tudo me divertia para ser feliz
e não sentir os dias passarem sem
ter quem se lembrasse de mim!
Aprendi e cresci comigo e nesse
quarto de sotão onde às vezes escrevia,
eu era feliz por ter o sol como companhia .
Passaram anos de estudo e trabalho,
com grande esforço e alegria ,com pequenos
seres trabalhei fui feliz dando alegria...
Hoje sou mulher , mãe e avó sinto-me muito
feliz e realizada, pois apesar de continuar
eternamente criança, não lamento nada
do passado, gosto de viver o presente...
escrevo a vida em poemas e os meus sonhos
nasceram antes do crepúsculo do Inverno,
quando as aves adormeciam à espera que o sol
surgisse no horizonte!

MARY HORTA 



A CRIANÇA QUE HÁ EM MIM
...
Às memórias fui buscar
As lembranças da infância
Que me fazem recordar
O som, o cheiro, a fragrância
Dos lugares há muito esquecidos
Miúda muito traquina e irrequieta
De cabelo longo escorrido
Brincando à descoberta
Nas poças de água coberta
Fazendo grande alarido
Eu e minha mana, de galochas calçadas
Saltando, gargalhando, molhadas
Levando em nosso traseiro
Umas boas e assentes palmadas
Por estarmos encharcadas
Em gargalhadas
Que bom é ser criança
Sem medo, sem desconfiança
Esta criança que cresceu, em mim
Ainda é a criança que em mim nasceu
Apesar das vicissitudes que vida me concedeu
Assim seguirá na minha estrada
Aquela criança, livre e estouvada
Que sempre viverá dentro de mim.

FCJ Fernanda Jacinto



E ntre sonhos e ilusões
T ornei-me mulher...
E nterrei o passado
R enasci de novo
N amoro ao vento
A ndo descalça
M olho o vestido
E ntre as ondas do mar
N ado na esperança
T e vejo chegar
E ternamente criança

C orro sem sentido
R umo ao paraíso
I nvento a brincadeira
A doce sensação
N asce de mim
C iente de ti
A qui estarei até ao fim

Anabela Fernandes



Comecei a reflectir porque me sinto criança
Hoje vejo a vida com um olhar de inocência
Da infância infeliz que guardo na lembrança
Me valeu força de vencer e mais resistência

Percurso de vida vivida em sentido inverso
Fui criança proibida de brincar e sem mimo
Cresci a sentir no mundo seu lado perverso
Consegui vencer carências, chegar ao cimo

Hoje não sinto frustração, dor ou desgosto
Acredito que nada é por acaso e estou feliz
Pois não sinto saudades, mas sim o oposto!
Gosto da vida e nunca renego, a minha raiz

Cresceu e habita em mim uma nova criança
Que me diverte por ser assim tão diferente
Com rugas e o reumático que pula e avança
Mas habita em mim aquela criança inocente

2016/09/07
Irene Conde





A criança que fui
...
Andei na rua pois eu nasci ,pois fui
________________
C riada na aldeia
R i, cantei , chorei
I nventei , sonhei
A mei fui e sou amada,mas
N unca fui maltratada
C aminhei e fui á luta
A ndando e lutando, fui trabalhar
_____________________
Q uando eu era ainda uma criança
U sei os meus pequenos braços
E com eles, eu abracei o que o destino me reservou
______________________________
F iz-me adolescente, e mulher
U nicamente por mim com muitos sonhos, e
I deias fixas num futuro melhor.

_______________*__________________
Mas presentemente eu sinto-me
uma eterna criança,

Mila Lopes